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Trabalhadores não querem pagar pela crise

Linha fina
Paralisação dos bancários se somou a protestos realizados em todo o Brasil no dia nacional de mobilização contra a retirada de direitos
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São Paulo – Agências e centros administrativos dos bancos amanheceram fechadas na região da Avenida Paulista, na gelada sexta-feira 10. Cerca de 80 unidades foram paralisadas e mais de 10 mil bancários foram abrangidos pelo protesto que se somou a outros, em todo o país. O recado dos trabalhadores ao governo, deputados, senadores, empresários e banqueiros é claro: nenhum direito a menos.

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> Vídeo: Bancários param por direitos 

“Não é justo que o trabalhador pague pela crise. Quem tem que fazer sacrifícios são os que podem mais e o governo, não o trabalhador que paga muito imposto e não recebe quase nada em troca”, criticou uma bancária do Bradesco que participou do Dia Nacional de Mobilização convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.

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A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, falou aos trabalhadores do Prime, do Bradesco, e destacou os motivos do protesto: “Paramos contra a retirada de direitos, contra os ataques à Previdência, contra o que eles chamam de ‘negociado sobre o legislado’, que significa mexer em qualquer coisa prevista na CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], como jornada, férias, horário de almoço... Contra outra grande ameaça que é a terceirização sem limites”.

“Eu achei muito boa a ação do Sindicato hoje. Vimos que estão realmente do nosso lado, lutando pelas nossas causas. E, com o Sindicato presente no local de trabalho, defendendo nossos direitos, mais bancários vão se mobilizar e lutar junto”, ressaltou uma bancária do Santander.
Funcionária do Itaú há 13 anos, uma bancária do CA Brigadeiro manifestou sua preocupação com o atual quadro. “Se deixar para decidir tudo negociando com o patrão, não vamos ter aumento, férias, benefício nenhum. Quem precisa do emprego aceita qualquer acordo”, disse. “É um absurdo flexibilizar direitos. Em direitos adquiridos não se mexe. E se a lei permitir terceirizar todas as atividades, os bancos vão terceirizar tudo. Eu mesmo trabalhei em uma área que nunca imaginei que seria terceirizada, e o Itaú terceirizou. Uma área que você precisa de muito conhecimento. Ou seja, é o lucro a qualquer custo", acrescentou a bancária.

E reforçou: “Concordo com a paralisação. Está mais do que certo parar em defesa dos nossos direitos. Colocar a aposentadoria só aos 65 anos é um absurdo. A gente trabalha pra caramba, contribui para a previdência esperando se aposentar com uma idade e agora querem mudar a regra.”

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, a Contraf-CUT , Roberto Von der Osten, também estava na Paulista e lembrou que mesmo cidadãos que apoiaram o impeachment da presidenta Dilma Rousseff estão contra essa reforma da Previdência, que significa mais tempo para se aposentar. “Não concordam também que seja possível negociar direitos em detrimento da lei. Imaginem numa crise, o patrão dizer ao trabalhador que seu lucro diminuiu e que por isso os empregados vão ter de trabalhar mais e ganhar menos?”, questiona Betão.

“Os bancários perceberam o impacto para o trabalhador dessas ameaças. E estão dando um recado aos empresários, ao Congresso, ao ‘governo’ interino de Temer, de que não vamos pagar o pato”, disse Juvandia, ressaltando também as ameaças de privatização que pairam sobre as empresas públicas, como Banco do Brasil e Caixa. “Não vamos aceitar. Os bancos públicos são fundamentais para o país, para o financiamento imobiliário com taxas menores que as do mercado, para a execução de programas sociais, e também para que a gente tenha um sistema financeiro mais equilibrado. Os bancários estão preocupados com seus empregos e apoiaram o Dia Nacional de Mobilização.”

A participação dos bancários de São Paulo, Osasco e região foi definida em assembleias realizadas em centenas de locais de trabalho nos dias 2, 3 e 6 de junho. Dos 14.941 funcionários que votaram, a esmagadora maioria, 12.095, ou 81%, disseram sim para a participação no ato.

Ato conjunto – A partir das 17h, bancários e trabalhadores de outras categorias uniram-se aos movimentos sociais e estudantil num grande ato.

A concentração dos manifestantes estava marcada para o vão livre do Masp (Avenida Paulista, 1.578).

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Redação – 10/6/2016
 
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