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Golpe atual é tão cruel quanto o de 64

Linha fina
Em Seminário Nacional em Defesa dos Bancos Públicos, professor Emir Sader e deputada federal Érika Kokay falaram da importância da unidade da esquerda contra um congresso reacionário
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São Paulo – “O atual Congresso Brasileiro representa o pacto das cartolas e das casacas. Ao invés das fardas, temos ternos, ao invés das botas, temos sapatos e biqueiras. É um golpe! Tão cruel e violento quanto o golpe de 64.” Esta foi a tônica da segunda mesa de debates, da sexta-feira 17, em São Paulo, durante o 1º Seminário Nacional em Defesa dos Bancos Públicos. Os debatedores – o professor, sociólogo e cientista político, Emir Sader (foto), e a deputada federal do PT, Érika Kokay (foto) – falaram sobre a ação parlamentar em defesa dos bancos públicos e destacaram a importância da unidade da esquerda contra um congresso conservador.

A mesa, mediada pela presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, estava composta pelo presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, pelo presidente da Fetec do Paraná, Júnior César Dias e pela presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará e dirigente da Contraf-CUT, Rosalina Amorim.

Com uma intervenção política, o professor Emir Sader, pontuou que o governo interino e golpista de Temer tenta desmontar o Brasil, liquidando o patrimônio público, o direito dos trabalhadores e os recursos das políticas sociais. Para ele, o que está colocado no cenário político atual é uma tentativa de restringir o país do tamanho do mercado e, por isso, é imprescindível a unidade da esquerda contra o golpe. “Quando a gente fala ‘Fora Temer’ não se trata só de uma ação. Todo o nosso objetivo hoje está concentrado na tentativa de nos unir para interromper este governo no mais curto prazo possível.”

Para ele, o grande erro da esquerda foi a incapacidade de eleger um congresso representativo, com os movimentos populares, sociais, políticos, sindicais, as entidades de mulheres, negros e jovens. Por isso, segundo o professor, a via estratégica é a democratização do Estado, que passa pela mudança radical da composição do parlamento. “Nós sofremos uma derrota gravíssima. Nós temos uma enorme bancada de agronegócios, com pouquíssimos representantes de trabalhadores rurais. Temos uma enorme bancada da educação privada, com pouquíssimos representantes da educação pública. Uma enorme bancada dos planos privados de saúde, com pouquíssimos representantes da saúde pública, das mulheres, dos jovens, dos negros. Entregamos para a Dilma um Congresso indecoroso. Essa é uma derrota nossa”, reconheceu Emir.

“A direita conseguiu o que ela queria, que era nos tirar do governo. Não vai ser fácil, mas podemos virar o jogo. Pois, temos de derrotá-los. Os bancos públicos têm um papel fundamental e essencial nisso tudo. Não ao golpe e Fora Temer nos unifica. Mas, é hora de intensificar a mobilização e de reconstruir um consenso político. Ou a gente acaba com esse governo ou esse governo acaba com o Brasil”, concluiu Emir.

Arqueologia do golpe – A deputada federal e bancária, Érika Kokay (PT-DF), ressaltou a importância do momento histórico atual e delineou uma chamada “arqueologia do golpe”. Segundo ela, houve, nos últimos anos, crescimento das várias formas de fundamentalismo que, aliado à opressão social produzida pela mídia conservadora, propiciou a construção do golpe em curso.

“Os fundamentalismos se aliaram dentro do Congresso Nacional, capitaneados por Eduardo Cunha e, com um golpe tentam impor sua agenda: diminuindo o custo unitário do trabalhador, com o projeto da terceirização; impondo o negociado sobre o legislado; criminalizando os movimentos sociais. Um verdadeiro pacto das trevas!”, ilustrou a deputada.

Diante dessa conjuntura, Erika defendeu a necessidade de uma “revolução cultural”, para que a sociedade brasileira se entenda como sujeito coletivo e perceba que projetos políticos interferem diretamente em suas vidas. “Agora, cabe a nós disputar como narrativas e dizer quais são as intenções deste golpe. Precisamos disputar a hegemonia na sociedade e impossibilitar que esse pacto tenha êxito. Em um momento em que o governo Temer mostra suas garras e seu caráter corruptor, é preciso denunciar e criar um observatório permanente”, conclamou.

A deputada federal encerrou sua fala declarando que é possível derrotar tal golpe. "Temos muitos desafios! Mas, tenho absoluta segurança que nós sabemos como enfrentá-los. Nós já conseguimos recolher os danos do Projeto das Estatais, por exemplo. E temos capacidade de muito mais, de transformar essa sociedade. Se existem bancos públicos hoje, é uma prova de nossa coragem e capacidade de resistência”, finalizou.

Privatização – O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, enfatizou a árdua batalha contra o PL 4918, antigo PLS 555, o projeto da privatização. “Foi um período de muita mobilização e grandes debates, com o apoio dos senadores Paulo Paim (PT/RS) e Lindbergh Farias (PT/RJ). A luta não terminou e exige resistência dos trabalhadores. Ainda não podemos nos desmobilizar. Se é público é para todos, o privado é para poucos”, enfatizou Jair.


Rede Nacional de Comunicação dos Bancários com edição da redação – 17/6/2016
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