Pular para o conteúdo principal

Temer impõe alta de juros em bancos públicos

Linha fina
Política de manter taxas mais baixas nessas instituições, adotada nos governos Lula e Dilma, foi abandonada pelo atual presidente
Imagem Destaque
Redação Spbancarios, com informações do Estado de S.Paulo
17/10/2016


São Paulo – A política de praticar taxas de juros mais baixas nos bancos públicos, adotada nos governos Lula e Dilma, foi abandonada por Michel Temer. De acordo com o ranking de crédito do Banco Central, o BB tem o maior juro no financiamento de veículos e a Caixa o segundo maior no crédito rotativo do cartão de crédito.

Em 2008, no auge da crise financeira mundial, o governo Lula reduziu as taxas de juros nos bancos públicos, incentivando o consumo e impulsionando a economia por intermédio de uma política anticíclica. Já em 2012, a presidenta Dilma, ao combater o elevadíssimo spread bancário brasileiro – diferença entre o que a instituição gasta para captar dinheiro e o que cobram para conceder crédito – utilizou o BB e a Caixa para forçar uma redução das taxas cobradas pelos bancos privados.

“Nos governos de Lula e Dilma, os bancos federais foram fundamentais para o sucesso de programas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Pronaf, agricultura familiar e Fies, entre tantos outros (...) Com Temer, esses bancos deixarão de cumprir papel imprescindível na inclusão bancária e social, na transformação do Brasil em um grande país com mais distribuição de renda e justiça social – teremos poucos ricos e muitos pobres –; voltarão a ser grandes balcões de negócios com setores empresariais que financiaram o golpe e cabides de emprego para os políticos que votaram a favor do golpe”, avalia o bancário e presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, em artigo publicado no seu blog.

“A taxa de juros dos bancos públicos é um elemento do Estado para regulação do sistema financeiro, que permite o enfrentamento aos altos spreads praticados pelos bancos privados, como também a ausência de oferta de crédito em momentos de recessão, com pouco dinheiro circulando nas ruas. A forte presença do sistema financeiro no projeto do atual governo faz com que o mesmo fique desregulamentado totalmente, inclusive com banqueiros à frente do Banco Central e Ministério da Fazenda”, critica o diretor executivo do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis.

“Em 2008, os bancos públicos tiveram papel fundamental ao manterem o crédito com taxas menores. O governo utilizou empresas públicas de forma estratégica, garantindo soberania a partir de uma política anticíclica, em direção oposta aos bancos privados, combatendo a recessão e resistindo a uma crise de enorme proporção internacional. Abrindo mão deste papel estratégico, o atual governo usa os bancos públicos como instituições financeiras privadas, visando o mercado financeiro, os rentistas, em detrimento de toda a sociedade”, reforça o dirigente sindical e funcionário do Banco do Brasil Paulo Rangel. 

Carros, cartões e consignado – No fim de 2015, o BB cobrava um juro médio de 26,5% ao ano no crédito para a compra de veículos, o menor entre os cinco maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander). Entretanto, com a queda de demanda por esse segmento de financiamento, as instituições privadas reduziram suas taxas. O Santander baixou seu juro médio em cinco pontos, atingindo aproximadamente 24% a.a, o menor entre todas as instituições financeiras. Já Bradesco e Itaú reduziram entre 1 e 2 pontos percentuais suas taxas. Na direção contrária, o BB assumiu a liderança no custo do crédito para veículos, alcançando 27,2% a.a. Por sua vez, a Caixa manteve a taxa estável e agora ocupa o terceiro lugar.

Já no crédito rotativo do cartão de crédito, em 2015, clientes da Caixa que não quitaram integralmente a fatura pagaram 350,4% de juro ao ano, menor taxa entre os cinco maiores bancos. Porém, após elevação em setembro, o juro cobrado pelo banco público atingiu 508,2%, assumindo o posto de segunda maior taxa do mercado, atrás apenas do Santander (581% a.a).

Entre as outras linhas de crédito acompanhadas pelo BC, o BB pratica a segunda taxa mais cara no crédito consignado para aposentados. A Caixa tem a taxa mais cara no consignado para empresas privadas. No cheque especial, o juro mais barato deixou de ser do BB e passou a ser do Bradesco.
seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1