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Bolo amargo e protestos nos 156 anos da Caixa

Linha fina
O maior banco 100% público do país faz aniversário com poucas razões para celebrar e movimento sindical deflagra dia nacional de luta contra ofensiva de desmonte e sucateamento promovida pelo governo Temer
Imagem Destaque

Redação Spbancários
12/1/2017


São Paulo – A Caixa completou 156 anos nesta quinta-feira 12 com poucos motivos para comemorar e várias razões para protestar. Os ataques são muitos, com prejuízos tanto aos empregados como para a população. Para fazer resistência e denunciar as ameaças, o movimento sindical deflagrou Dia Nacional de Luta. Na base do Sindicato – São Paulo, Osasco e região -, foram realizados atos em superintendências, agências e centros administrativos.

“Depois de período de expansão da Caixa, este é o primeiro aniversário em que deixamos essa fase. Agora enfrentamos uma etapa de sucateamento do banco promovido por um governo sem votos que está implantando uma agenda que foi derrotada nas urnas em 2014”, afirmou Renato Perez, dirigente sindical, durante protesto lúdico em frente a agência 1.355 da Avenida Faria Lima, na zona oeste.

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No local foi cantado um Parabéns a Você, em meio a balões e um simulacro de bolo feito de isopor. Também foi distribuida carta a população denunciando os ataques direcionados ao banco público.

> Leia carta entregue à população
> Veja fotos

Desmonte - Os empregados estão convivendo com a deterioração das condições de trabalho e descomissionamentos arbitrários amparados pela versão 033 da RH 184. Além disso, há rumores noticiados pela imprensa sobre um plano de demissão voluntária para extinguir cerca de 10 mil postos de trabalho.

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Dessa forma, o temor é latente entre os trabalhadores como relata um empregado da concentração do banco em outro ponto da cidade, no Edifício João Joaquim, na Liberdade, onde também houve manitestação. “Ficamos preocupados com a defasagem no número de empregados por agência. Isso pode causar sobrecarga, com menos profissionais para atender à mesma carga de trabalho”, disse o bancário.

O desmonte não para por aí. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, nomeado por Michel Temer, já anunciou a intenção de fechar 100 agências “deficitárias”, e defende a venda de operações do banco público, como Caixa Seguridade e a lucrativa Lotex, para o capital privado. 

Resistência – Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE), lembrou que a defesa das condições do trabalho e a valorização do bancário são preocupações do Sindicato. “A Caixa ocupa hoje o segundo lugar em ativos no país. Esse crescimento se deu por conta do empenho árduo dos trabalhadores do banco público, que agora está sofrendo com o desmonte”, afirmou.

Ele lembra que o dia é de comemoração dos 156 anos da Caixa, mas também marca a luta em defesa do banco 100% público e pelo fim do caixa minuto e descomissionamento arbitrário. 

Apoio da população – Durante os protestos, pessoas se posicionaram ao lado dos trabalhadores e relataram a importância do banco público. “A Caixa sempre foi um banco que traz coisas positivas para a população, como o financiamento da casa própria com juros menores. E se privatizarem, não sei como vai ser”, comentou a vendedora Sonia Aparecida da Silva enquanto assistia ao protesto na Avenida Faria Lima. “Tem serviços que não podem ser privatizados. O Banespa acabou. Quantos bancos nós tínhamos antes? Me lembro que era uma infinidade. Hoje tem seis ou sete no máximo. Não existe opção”, acrescentou.

A economista Sônia Hamburguer vê com tristeza o processo de desmonte do Estado. “Eu entendo que esse processo neoliberal de enfraquecimento do Estado fortalece as demandas do poder financeiro. Essa é a grande questão. Como a gente regulamenta a organização da humanidade de forma que os anseios da maioria da população não sejam subjugados pelo poder do capital, que é o mais forte?”, questiona. “Eu sou a favor de um Estado forte, que represente a comunidade e que seja um lugar de concentração de poder, dos direitos e dos anseios da comunidade. Talvez a gente ainda tenha que descobrir alguma outra alternativa, mas por enquanto não tem.”

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