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Redação Spbancarios
16/1/2017
São Paulo - “Chegou a hora de promovermos uma economia humana que beneficie a todos, não apenas a uns poucos privilegiados.” Desta forma, a ONG Oxfam abre seu novo relatório sobre concentração de renda e desigualdade. O apelo da entidade se justifica pelos números: apenas oito homens possuem a mesma riqueza que as 3,6 bilhões de pessoas que integram a metade mais pobre da população mundial; e somente o 1% mais rico da população mundial detém mais recursos que os 99% restantes da humanidade.
Os números, de 2016, tornam-se ainda mais expressivos quando comparados aos de 2015. Em um ano, o número de bilionários que possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre da humanidade passou de 62 para 8 pessoas.
O relatório, intitulado Uma economia para os 99%, derruba também o mito da meritocracia no capitalismo moderno. Segundo o estudo, as grandes fortunas, na maioria dos casos, são obtidas de forma hereditária. Nos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para herdeiros, montante superior ao PIB da Índia, com 1,2 bilhão de habitantes.
Brasil – Quando cita especificamente o Brasil, a Oxfam enaltece a redução da desigualdade obtida a partir da política de valorização do salário mínimo. “No caso do Brasil, os salários reais dos 10% mais pobres da população aumentaram mais que os pagos aos 10% mais ricos entre 2001 e 2012, graças à adoção de políticas progressistas de reajustes do salário mínimo.”
Por outro lado, a ONG critica a postura da elite econômica do país. “Os bilionários do Brasil fazem lobby para reduzir impostos e, em São Paulo, preferem usar helicópteros para ir ao trabalho, evitando os engarrafamentos e problemas de infraestrutura enfrentados nas ruas e avenidas da cidade”, diz o documento.
Motores da desigualdade – De acordo com a Oxfam, grandes empresas globais utilizam-se de estratégias para aprofundar ainda mais o fosso da desigualdade e se beneficiar desta situação. Promovem aumento expressivo da renda de altos executivos enquanto o rendimento dos trabalhadores da base da pirâmide permanece, na melhor das hipóteses, inalterado. P diretor executivo da maior empresa de informática da Índia, por exemplo, ganha 416 vezes mais que um funcionário médio.
O retorno financeiro cada vez maior para acionistas é mais uma forma de aprofundar a desigualdade. Na década de 1970 no Reino Unido, por exemplo, 10% dos lucros eram repassados aos acionistas. Hoje, este percentual é de 70%.
Uma das mais perversas formas de se obter lucros cada vez maiores é o trabalho análogo à escravidão. De acordo com dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), estima-se que 21 milhões de pessoas trabalhando nessas condições geram US$ 150 bilhões em lucros todos os anos.
Os ganhos destas empresas são ampliados também pela estratégia de pagar o mínimo com impostos, com uso de paraísos fiscais e estimulando a concorrência entre países. No campo político, segundo a Oxfam, super-ricos atuam financiando candidaturas, fazem lobby junto aos governos e financiam, de forma direta ou indireta, centros de pesquisas que produzem narrativas econômicas e políticas que favorecem os mais ricos.
16/1/2017
São Paulo - “Chegou a hora de promovermos uma economia humana que beneficie a todos, não apenas a uns poucos privilegiados.” Desta forma, a ONG Oxfam abre seu novo relatório sobre concentração de renda e desigualdade. O apelo da entidade se justifica pelos números: apenas oito homens possuem a mesma riqueza que as 3,6 bilhões de pessoas que integram a metade mais pobre da população mundial; e somente o 1% mais rico da população mundial detém mais recursos que os 99% restantes da humanidade.
Os números, de 2016, tornam-se ainda mais expressivos quando comparados aos de 2015. Em um ano, o número de bilionários que possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre da humanidade passou de 62 para 8 pessoas.
O relatório, intitulado Uma economia para os 99%, derruba também o mito da meritocracia no capitalismo moderno. Segundo o estudo, as grandes fortunas, na maioria dos casos, são obtidas de forma hereditária. Nos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para herdeiros, montante superior ao PIB da Índia, com 1,2 bilhão de habitantes.
Brasil – Quando cita especificamente o Brasil, a Oxfam enaltece a redução da desigualdade obtida a partir da política de valorização do salário mínimo. “No caso do Brasil, os salários reais dos 10% mais pobres da população aumentaram mais que os pagos aos 10% mais ricos entre 2001 e 2012, graças à adoção de políticas progressistas de reajustes do salário mínimo.”
Por outro lado, a ONG critica a postura da elite econômica do país. “Os bilionários do Brasil fazem lobby para reduzir impostos e, em São Paulo, preferem usar helicópteros para ir ao trabalho, evitando os engarrafamentos e problemas de infraestrutura enfrentados nas ruas e avenidas da cidade”, diz o documento.
Motores da desigualdade – De acordo com a Oxfam, grandes empresas globais utilizam-se de estratégias para aprofundar ainda mais o fosso da desigualdade e se beneficiar desta situação. Promovem aumento expressivo da renda de altos executivos enquanto o rendimento dos trabalhadores da base da pirâmide permanece, na melhor das hipóteses, inalterado. P diretor executivo da maior empresa de informática da Índia, por exemplo, ganha 416 vezes mais que um funcionário médio.
O retorno financeiro cada vez maior para acionistas é mais uma forma de aprofundar a desigualdade. Na década de 1970 no Reino Unido, por exemplo, 10% dos lucros eram repassados aos acionistas. Hoje, este percentual é de 70%.
Uma das mais perversas formas de se obter lucros cada vez maiores é o trabalho análogo à escravidão. De acordo com dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), estima-se que 21 milhões de pessoas trabalhando nessas condições geram US$ 150 bilhões em lucros todos os anos.
Os ganhos destas empresas são ampliados também pela estratégia de pagar o mínimo com impostos, com uso de paraísos fiscais e estimulando a concorrência entre países. No campo político, segundo a Oxfam, super-ricos atuam financiando candidaturas, fazem lobby junto aos governos e financiam, de forma direta ou indireta, centros de pesquisas que produzem narrativas econômicas e políticas que favorecem os mais ricos.