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Rotatividade e terceirização precisam ser enfrentados

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Economista ressalta que emprego cresceu de forma significativa, mas mercado de trabalho ainda guarda herança das décadas anteriores
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Curitiba – “O Brasil mudou, mas ainda convive com problemas estruturais que precisamos enfrentar.” O economista Anselmo Luis dos Santos, professor doutor da Unicamp, traçou um quadro geral sobre a evolução do mercado de trabalho no Brasil, na última década, em sua apresentação no painel sobre emprego, que ocorreu neste primeiro dia da Conferência Nacional dos Bancários, em Curitiba.

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Baseado em dados como os da Rais e do IBGE, o economista traçou um quadro geral sobre a evolução do mercado de trabalho no Brasil, na última década, e apontou melhora significativa do emprego. Mas ressaltou que o ano de 2003 – ainda sofrendo as consequências do último mandato de Fernando Henrique Cardoso (1998-2002) – foi um dos piores momentos da economia e do mercado de trabalho.  Segundo ele, em 2003 o PIB cresceu pouco mais de 1%, mas houve melhora expressiva em seguida, com índices de crescimento de 3,5% a 4% do PIB durante o primeiro mandato de Lula (2003-2006).

“E o país passa a crescer, desfazendo mitos dos economistas neoliberais e da mídia, de que o crescimento não geraria mais emprego. E nós da Unicamp, que sempre fizemos questão de ter uma posição crítica, acreditávamos que a ausência de crescimento da era FHC era um dos principais determinantes da fragilidade do mercado de trabalho.” Ele destacou que, nesse período de oito anos que corresponde aos mandatos de Lula houve crescimento de empregos formais e uma redução do trabalho precário. Além disso, o desemprego caiu de forma expressiva.

Demografia – Outro aspecto destacado pelo economista é a mudança demográfica por que passa o país. De acordo com ele, o Brasil chegou a uma taxa de natalidade mais próxima dos padrões dos países desenvolvidos; a oferta de trabalho no meio urbano tem diminuído rapidamente; a população está cada vez mais velha; e o número de jovens entre 18 e 24 anos no mercado de trabalho – que no país ainda é a maior da América Latina – vem caindo consideravelmente. “Houve redução no número de crianças, adolescentes e jovens no mercado de trabalho porque boa parte está nas escolas, nas instituições de ensino técnico, nas universidades, com o Pró-Uni. Isso é bom pro Brasil do ponto de vista da educação, da estrutura social e do mercado de trabalho, porque diminui a concorrência.”

E acrescentou: ao mesmo tempo, o emprego cresce na faixa etária de 25 a 49 anos. E entre a população com 50 anos ou mais, que aumenta na medida em que o país envelhece, a taxa de desemprego está em apenas cerca de 2%.

Anselmo apontou ainda que, nesse contexto, a pressão por emprego diminuiu. “O número absoluto de pessoas que entram no mercado de trabalho é bem menor do que antes, portanto, a pressão por emprego é menor e o desenvolvimento econômico foi maior.” Essa equação, segundo ele, é fundamental para entender porque o Brasil, apesar de ter apresentado nos dois últimos anos um aumento menor do PIB do que países como a Argentina e a China, teve, por outro lado, uma das melhores taxas de emprego e um dos menores índices de desemprego.

“Hoje o momento é outro. Em 2011 o PIB cresceu apenas 2,7% e este ano deve ficar em 2%. Enfrentamos uma situação diferente daquela que levou à melhoria do mercado de trabalho nos governos Lula”, ressaltou, acrescentando que é necessário que o país volte a crescer a índices de 4% para valorizar ainda mais o salário mínimo – um dos menores da América Latina. “O salário mínimo no Brasil, apesar da política de valorização, ainda é muito baixo. Na Argentina, o mínimo tem poder aquisitivo três vezes maior do que o nosso.”

Apesar do quadro positivo, o economista lembrou que o Brasil convive com problemas estruturais herdados das décadas anteriores. Além do mínimo ainda baixo, Anselmo destacou a precariedade do mercado de trabalho. “Somos 15 milhões de trabalhadores sem carteira, o que é uma vergonha. E não conseguimos superar os problemas da rotatividade e da terceirização, que atingem principalmente setores como o bancário”, concluiu.  

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Andréa Ponte Souza
Rede de Comunicação dos Bancários - 20/7/2012

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