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Bancária baleada não sente segurança no trabalho

Linha fina
Vítima de tentativa de assalto por transporte de chaves está afastada com Síndrome do Pânico
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São Paulo – Caso algumas medidas simples fossem adotadas pelos bancos, a história trágica de uma bancária do HSBC poderia ter outro rumo. A funcionária foi baleada em tentativa de assalto quando se deslocava entre a agência e um posto de atendimento bancário. Ela transportava a chave do PAB em carro comum.

“Esse deslocamento diário chamou a atenção dos bandidos, que viam que a gente era funcionária do banco. Estava no carro em direção ao posto bancário quando o motorista foi abordado por um assaltante de moto. Ele tentou fugir. O bandido foi atrás e disparou me atingindo de raspão”, afirma a empregada que não será identificada.

A trabalhadora conta que se sentiu desamparada pelo banco. “Primeiro estranhei que no Boletim de Ocorrência constou como bala perdida e não tentativa de assalto, como ocorreu. No dia lembro que o banco nem sequer pagou taxi para eu ir pra casa”, conta. Sobre a abertura da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), a bancária não lembra se a instituição forneceu o documento.

O roubo foi há mais de 10 anos, mas ainda tem consequência na vida da bancária que desenvolveu diversas doenças e atualmente faz tratamento contra Síndrome do Pânico. Questionada se sente segurança em voltar a trabalhar, é categórica: “Não. Quando vi na TV reportagem em que os bancos estavam pensando em retirar as portas de segurança fiquei mais abalada. Pensei comigo: se no meu caso os assaltantes abordaram a gente fora da agência, com essa medida vão assustar os funcionários dentro do próprio banco”, afirma.

Preservar a vida – Apenas no primeiro semestre deste ano, 27 pessoas morreram após assaltos envolvendo bancos no país, aumento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento feito pela Contraf-CUT e confederação de Vigilantes (CNTV). Os números preocupam a categoria, que reivindica na negociação da Campanha com a federação dos bancos (Fenaban), nesta quarta 15, mais investimento em segurança dentro das instituições financeiras.

Bancários exigem preservação da vida

De acordo com estatística da Febraban, após a instalação das portas de segurança, a partir do final dos anos 1990, houve redução do número de assaltos: de 1.903 em 2000, para 369 em 2010. No entanto, houve aumento para 422 ocorrências em 2011, ano em que alguns bancos retiraram o dispositivo nas reformas das agências.

“Os números mostram que desde que se ampliou a instalação das portas nas agências houve redução no número de assaltos. E quando retiradas, a violência aumentou. O que comprova a eficiência desse equipamento”, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato.

Para coibir que a ação de marginais e melhorar a proteção de bancários, vigilantes e clientes entre as reivindicações dos trabalhadores feitas aos bancos, na Campanha Nacional 2012, além da porta de segurança em todas as agências, está a proibição de transporte de chaves das agências pelos bancários, a instalação de portas de segurança em todas as unidades e de biombos na bateria de caixas e no autoatendimento para impedir a visualização das operações feitas pelos clientes.    


Carlos Fernandes - 14/8/2012

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