São Paulo – No início da Campanha Nacional Unificada deste ano, 12.286 bancários responderam à consulta sobre as prioridades para a pauta de reivindicação de 2012. Desses, 75% apontaram vales alimentação e refeição maiores, perdendo somente para a reivindicação de aumento real que ficou com 76%.
Atualmente, o auxílio-refeição dos bancários está em R$ 19,78 por dia, mas as refeições fora de casa ficaram 9% mais caras em um ano, segundo o IPCA. Os trabalhadores querem auxílio-alimentação e refeição no valor mensal de R$ 622, cada, além da 13ª cesta e esse será um dos debates de remuneração nas rodadas de negociação que acontecem entre os dias 15 e 16.
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A necessidade dos bancários faz todo o sentindo quando observamos a inflação de alimentos e bebidas. O encarecimento desses produtos é alto desde que foi dado o último aumento dos vales até a entrega das reivindicações deste ano aos banqueiros.
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Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, em um ano, o valor do tomate, por exemplo, alimento presente nos pratos de muitos bancários na hora do almoço ou no jantar, subiu 43,29%. Se o hábito de tomar um refrigerante para acompanhar a refeição começou a pesar no bolso, é porque a bebida comprada fora de casa subiu 10,22% em um ano.
Esta é a média. Mas trabalhadores de agências e concentrações de regiões como a Berrini ou Paulista, pagam ainda mais pelos alimentos. A bancária Natália Ribeiro trabalha próxima à Avenida Paulista e ultrapassa o valor do vale quase todos os dias. Quando coloca o prato na balança, comendo a mesma quantidade que comia há um ano, percebe que a refeição está mais cara. “Quando recebemos o tíquete, já sabemos que não vai durar o mês inteiro, está tudo bem caro. Estamos na metade de agosto, meu auxílio está no fim”, comenta.
A trabalhadora mora com a mãe, e apenas em duas pessoas, diz que o auxílio-alimentação, que está em R$ 339,08 por mês, não dá para comprar muita coisa no supermercado. “Talvez fosse o suficiente somente para o alimento básico, arroz, feijão, mas e carne, frutas, verduras? Preciso complementar, em média, R$ 250 nas compras do mês. E esse valor é bem maior quando resolvo preparar pratos mais elaborados no fim de semana, como uma lasanha ou uma feijoada e chamar os amigos”, conta Natália, que espera conquistar um aumento considerável dos vales nesta campanha.
No bolso do bancário Ricardo Prates o complemento na hora das compras é maior, de até R$ 500. “Está tudo muito caro, e para um dos setores que mais lucra no país, o aumento nos vales refeição e alimentação dos bancários é algo ilusório, principalmente se compararmos às metas abusivas que são cobradas de nós. Essa é uma conquista antiga dos bancários, nosso esforço é para ampliá-la”, conclui Ricardo Prates.
Espaço no carrinho – Quem vai ao supermercado somente com o auxílio-alimentação na carteira pode ver espaço sobrando no carrinho. Em um ano, as frutas tiveram aumento de 16%. Se o objetivo é comprar somente alimentos básicos, o prejuízo também existe, uma vez que o óleo de soja subiu 15% no mesmo período. O feijão está 84% mais caro e as hortaliças, que parecem ser uma das coisas mais em conta na refeição, tiveram aumento anual de 19%. Com a alta inflação de alimentos e bebidas, o trabalhador precisa complementar com dinheiro as compras do mês, e não sobra nada para a cervejinha do fim de semana, que também teve alta, está 12% mais cara que no ano passado.
Conquista antiga – Todos os anos os bancários se unem para a Campanha Nacional e lutam pela ampliação de conquistas. Entre elas, estão os auxílios refeição e alimentação que não são benefício do banco, mas conquistados na luta. Sabe como?
Com a inflação e a recessão no início da década de 1990 e o fim de postos de trabalho, os bancários foram para as ruas, organizaram manifestações e protestos criativos e bem humorados, que incluíram greve nacional de sete dias. O resultado, entre outras conquistas, foram os tíquetes refeição e alimentação.
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Gisele Coutinho – 14/8/2012
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Com inflação de alimentos e bebidas, bancários relatam que auxílio-refeição não dá para comer o mês inteiro e o vale-alimentação não enche o carrinho do supermercado
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