São Paulo – O que você faria se de uma hora para a outra a empresa em que trabalha alterasse sua jornada de forma que atividades como a educação dos seus filhos, sua faculdade e compromissos pessoais fossem prejudicados?
Pois essa é a realidade de muitos dos bancários do Itaú que trabalham em agências localizadas em shoppings. Para eles, o ano foi marcado pela ampliação do atendimento. O banco impôs o expediente de maneira unilateral, sem qualquer consulta aos trabalhadores ou ao Sindicato. Alguns locais estão abertos para atendimento das 12h às 20h. Outras, situadas em corredores de bancos, adotaram dois novos horários: das 9h às 17h e das 11h às 19h.
Nesta quarta-feira 5, dirigentes sindicais paralisaram 18 dessas agências que tiveram horários ampliados para pressionar a direção do banco. Entre elas, as dos shoppings Eldorado, Tatuapé, Center Norte, Plaza Sul e D. “Nossa proposta, que já apresentamos para representantes do Itaú em negociação, é que o horário estendido seja alterado para 9h às 17h, com dois turnos que não ultrapassem seis horas cada, e com contratações de mais bancários. No entanto, não é o que está acontecendo. Além de não atender a essas reivindicações, o banco está demitindo, agravando a situação”, ressalta o diretor do Sindicato e funcionário do Itaú Júlio Cesar Silva Santos.
O dirigente afirma que o movimento sindical se posiciona com o objetivo de proteger os trabalhadores do Itaú, expostos à insegurança na saída das agências que têm horário ampliado. E também exige respeito aos horários desses funcionários. “Em reunião, a direção do banco afirmou não ser política da empresa adotar a proposta apresentada pelo movimento sindical. Mas queremos continuar a negociação e nossos protestos continuam diante da falta de consenso”, informa o diretor do Sindicato.
Uma nova reunião para discutir o assunto estava marcada para 27 de novembro, mas foi cancelada e não há previsão de novo agendamento pelo banco.
Itaú quer ampliar medida – Das 4 mil agências do banco no Brasil, 350 já funcionam nesse novo perfil, ou seja, 8% delas. E a expectativa, segundo informou a direção do Itaú na última reunião, é de chegar a 10% das unidades no país.
Outro problema, segundo Júlio Cesar, é que, com as mudanças, muitos bancários passaram a extrapolar consideravelmente seus turnos. “Alguns chegam a cumprir 10 a 12 horas por dia”, denuncia.
Avanço – Duas agências, uma da Rua Cantareira e outra na região da 25 de março, tiveram seus horários revertidos após a pressão do Sindicato. As duas unidades, que chegaram a funcionar até às 19h, voltaram ao horário normal, das 10h às 16h.
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Gisele Coutinho - 5/12/2012
