São Paulo - Estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) alerta: há “grave risco de nova recessão” se não forem adotadas medidas de combate ao aumento do desemprego no mundo. Denominado Situação e Perspectivas da Economia Mundial 2013, o levantamento aponta que a previsão de crescimento econômico ao longo deste ano permanece em baixa em função ainda dos impactos da crise econômica internacional em vários países. “A economia mundial enfraqueceu consideravelmente em 2012. (A perspectiva é que se mantenha) deprimida nos próximos dois anos, com a previsão de crescimento de 2,4 % para 2013 e de 3,2 % para 2014”, diz o relatório.
Para a ONU, as políticas econômicas baseadas em medidas de austeridade fiscal e nos cortes dos orçamentos não oferecem o necessário para recuperar a economia e a estratégia deve ser alterada na tentativa de adotar ações coordenadas com políticas de criação de emprego e de crescimento sustentável. Como acontece no Brasil, com saldo de quase 20 milhões de empregos criados nos últimos dez anos.
> OIT prevê 200 milhões de desempregados no mundo em 2013
Bancos – Mas se depender dos bancos, não haverá crescimento sustentável. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apenas na primeira fase da crise, entre agosto de 2007 e início de 2009, o setor financeiro suprimiu pelo menos 325 mil postos de trabalho no mundo. No Brasil, o setor anda na contramão do desenvolvimento: enquanto no país foram criados quase 1,8 milhão de novos empregos entre janeiro e novembro de 2012, nos bancos esse número foi de apenas 4.274. E isso, levando em conta os mais de 6.900 postos assumidos pelos bancários concursados na Caixa Federal. Ou seja, o saldo do setor seria negativo se excluídos os empregos conquistados no banco público.
Em 2012, até setembro, somente o Itaú extinguiu 7.831 empregos no Brasil. O Santander também cortou centenas de vagas, principalmente nos últimos meses do ano passado. “De forma geral as instituições financeiras estão devendo muito ao país”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Mantemos uma ação sindical constante na defesa dos empregos, com protestos, negociação com as empresas e, em casos extremos, recursos à Justiça para tentar frear as demissões que os bancos insistem em promover”, ressalta. “Mas os banqueiros só pensam em aumentar seus lucros, seus índices de eficiência, à custa dos empregos. E o estudo da ONU comprova o que dizemos: esse é o caminho errado. O Brasil tem-se mantido estável diante da crise financeira internacional, graças ao mercado interno forte e saudável e isso se constrói com trabalhadores empregados e com bons salários.”
A presidenta do Sindicato lembra que na Campanha Nacional Unificada 2012, a Fenaban afirmou que o tema emprego deveria ser debatido banco a banco. “Mas não é o que vem acontecendo e o Sindicato vai continuar trabalhando e utilizando todas as estratégias possíveis para barrar as demissões no setor”, completa.
Cláudia Motta - 21/1/2013
Linha fina
Estudo confirma: estratégia para recuperação da economia no mundo deve prever criação de emprego, como acontece no Brasil, que nos últimos dez anos tem saldo de quase 20 milhões de novas vagas. Mas bancos estão na contramão
Imagem Destaque