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Lula destaca papel da CUT na democracia

Linha fina
Em reunião da direção nacional da CUT, que completa 30 anos, ex-presidente afirma que central teve de avançar 'arrancando pedacinho por pedacinho'
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São Paulo – “É preciso destacar o fato de no Brasil, com tão pouca experiência democrática, uma central comemorar 30 anos de existência. A CUT avançou quase sempre contrária à legislação vigente. Fomos fazendo as coisas sem pedir licença, arrancando pedacinho por pedacinho. Se tem uma coisa que sabermos fazer, é cobrar.”

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As palavras são do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião da direção nacional da CUT, que marcou o início das comemorações dos 30 anos da central.

Para Lula, um dos criadores da CUT em 1983, o radicalismo era necessário no início para se firmar. "As pessoas não convidavam a gente para a festa deles. Tínhamos de falar grosso para subir um degrau. O importante é não perder o limite, a compreensão, as possibilidades da luta política, da correlação de forças."

Ele citou um jantar com Celso Furtado, com a presença do então presidente da CUT Jair Meneguelli, hoje presidente do Conselho Nacional do Sesi. Segundo Lula, o economista recomendou: “Nunca destrate esses companheiros. Quanto mais radicais eles forem, mais eles mostram o caminho que você não deve seguir. Mas a radicalidade deles não permite que você vá para a direita”.

Assim, acrescentou, o movimento sindical não pode abrir mão de reivindicar, mas deve também saber negociar. "Se vocês virarem dirigente sindical chapa-branca, não vale a pena. Se for só do contra, também não vale a pena. Para valorizar o que a CUT tem feito e vai fazer, temos de imaginar como seria o Brasil sem ela. É preciso repensar o papel histórico da CUT."

Com humor, ele disse acreditar que o movimento sindical terá relação melhor com Dilma do que com ele. “Mulher sempre trata melhor. Mesmo quando a mulher é dura, ela é mais flexível do que o homem.” Na quarta-feira que vem, as centrais farão uma marcha em Brasília, e no final serão recebidos pela presidenta no Palácio do Planalto.

Crescimento - A economia brasileira, “apesar do pessimismo”, vai crescer, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião da direção nacional da CUT, que marcou o início das comemorações dos 30 anos da central. “O emprego e a massa salarial vão continuar crescendo. A situação geral vai melhorar, apesar dos que torcem para não dar certo.”

Também presente à reunião, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, teve de ouvir uma brincadeira de seu ex-chefe Lula: “Ele é 100% gentileza, mas zero atendimento”. Era uma referência espirituosa, à qual se seguiram elogios, ao principal interlocutor do governo com os movimentos sociais.

Uma relação que não é simples, como lembrou o próprio Gilberto Carvalho (foto à direita). “Nosso debate nunca é fácil, é sempre tenso, e assim que tem de ser”, afirmou o ministro, ele mesmo um ex-sindicalista, que lembrou do período de fundação da CUT e agora tem a missão de receber as demandas dos sindicalistas.

Ele aponta a “maturidade” da central. “Nosso governo tem muito que reconhecer na atuação da CUT, com sua postura altiva, autônoma, independente, cutucando, pressionando o governo. E ao mesmo tempo acompanhar o projeto do país e apoiá-lo.”

Reformas e Comunicação - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que a central é um dos sinais de conquista do regime democrático – a ser aperfeiçoado “com a reforma política do sistema eleitoral”. Segundo ele, a prioridade do partido é a reforma política. Falcão disse ainda que o PT prioriza a campanha pela democratização dos meios de comunicação – proposta já  aprovada em 1991, em congresso da CUT. O petista foi dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Lula também falou de comunicação. O ex-presidente defendeu que o movimento sindical e os setores progressistas da sociedade invistam mais na organização de seus próprios meios, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional.

Lula disse ainda que o movimento sindical tem um aparato 'poderoso' de comunicação, mas desorganizado. "Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco."

O ato teve a presença de todos os ex-presidentes da central (foto à esquerda): Jair Meneguelli (1983-1994), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (1994-2000), Kjeld Jakobsen (interino, de maio a agosto de 2000), João Felício (2000-2003), Luiz Marinho (2003-2006) e Artur Henrique (2006-2012). Dois prefeitos foram à cerimônia – o próprio Marinho, reeleito em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e Carlos Grana, de Santo André.


Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual, com edição da Redação - 28/2/2013
 

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