São Paulo - Dirigentes da CUT e representantes dos movimentos sociais se reuniram nesta quinta-feira 9, diante da sede da Petrobras, em São Paulo, para cobrar do governo federal o cancelamento do leilão de 289 blocos de petróleo.
Marcado para os dias 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro, o movimento entregará às multinacionais a exploração de uma reserva de 30 bilhões de barris, patrimônio em torno de US$ 3 trilhões. Em troca, pagarão US$ 1 bilhão.
“A Europa e os Estados Unidos estão em crise e querem buscar lucro aqui no Brasil pelo mesmo petróleo que causou a guerra na Líbia e recentes ameaça à Argélia pelos EUA. Estamos mobilizando nossas bases para dizer novamente que o petróleo é nosso”, disse o diretor Executivo da CUT, Júlio Turra.
O dirigente afirmou ainda que o repasse da riqueza para mãos estrangeiras impactam diretamente sobre o preço que o cidadão paga pelo que consome. “Como é controlada pelo governo, a Petrobras pode e vem praticando uma política de controle dos preços do petróleo, abrindo mão de parte dos lucros. Porém, quanto mais você internacionalizar a economia, mais permitirá que empresas estrangeiras tenham acesso ao nosso produto e optem por exportar porque é mais lucrativo. Um cenário que gera menor oferta e pressiona a inflação, porque os produtos dependem do combustível para o transporte”.
Diante disso, o presidente da CGTB, Ubiraci de Oliveira, o Bira, a classe trabalhadora está mobilizada para defender o patrimônio nacional. “Nós enfrentamos a ditadura, botamos para fora um presidente que queria acabar com o país e colocamos um operário na presidência. Não custará nada invadir um leilão no Rio de Janeiro para defender nossas riquezas”.
Para o vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás, Fernando Siqueira, os leilões não se justificam. “O Brasil descobriu no pré-sal 54 bilhões de barris. Somados aos 14 bilhões que já tínhamos, teremos 62 bilhões e isso nos dá autossuficiência para os próximos 60 anos. Então, por que precisamos realizar leilões para atrair investidores em pesquisa?”
Lesa-pátria – Paralisados desde 2008 por conta da pressão dos movimentos sociais, os leilões representam um grande negócio para as multinacionais. Em 1997, uma lei no governo Fernando Henrique Cardoso quebrou o monopólio da Petrobras por meio da Lei 9.478. A mesma lei determina que 100% do que é extraído vai para a exploradora e, no máximo, 10% dos royalties – valor sobre o que é produzido – chega às mãos do Estado. Para piorar, a Lei Kandhir ainda garante a isenção de impostos para a exportação de matéria-prima, o que significa enviar o petróleo gratuitamente para as matrizes. Fator que explica as 60 transnacionais interessadas.
“Isso é um crime de lesa-pátria. No mundo todo, ao menos 80% da produção fica com o Estado. Inclusive, porque o governo brasileiro estrangula a Petrobras a importar combustível e vender mais barato, mas não faz o mesmo com a Chevron, com a Shell. Temos que ir para as ruas dar respaldo à presidenta Dilma para que possa cancelar esse leilão”, defendeu Fernando Siqueira.
Todos às ruas - Os movimentos sociais planejam organizar atividades em Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília no dia 13. A grande manifestação, com a participação de diversas categorias cutistas, acontece no dia 14, data do leilão.
Algumas das organizações que participarão dessas atividades aproveitaram para destacar os prejuízos da entrega do patrimônio brasileiro a empresas estrangeiras.
Caso da União Nacional dos Estudantes, representada pela secretária-geral, Michele Bressan, que defendeu a manutenção do recurso nas mãos da Petrobrás para que os lucros sejam investidos em educação e no fortalecimento da indústria.
Coordenador geral do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-NF), Itamar Sanches, disse que, ao invés de privatizar, o governo federal deveria investir no aperfeiçoamento da produção. “Temos que agregar valor ao refinamento e tirar propriedade do que extraímos ao invés de deixarmos que essa riqueza vá para o estrangeiro.”
Diretora regional de São Paulo do Partido Pátria Livre, Lidia Correa, lembra o papel da Petrobras para o desenvolvimento o país. “A indústria naval voltou a crescer, voltamos a investir em plataformas e sondas. O que está em jogo é nosso desenvolvimento. Shell e Chevron não querem exploração planejada, visam somente o lucro.”
Luiz Carvalho, da CUT, com edição da Redação - 9/5/2013
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Durante ato em São Paulo, Central aponta que leilões previstos para os próximos dias 14 e 15 afetarão também investimento em cultura e educação
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