São Paulo - Por iniciativa do recém-criado Grupo de Reflexão em Relações Internacionais – conjunto de acadêmicos e de representantes de partidos políticos de esquerda e de movimentos sociais –, acontece na terceira semana de julho a Conferência Nacional “2003-2013: Uma Nova Política Externa”.
A conferência, no campus da Universidade Federal do ABC (UFABC) entre 15 e 18 de julho, pretende fazer um balanço das relações internacionais brasileiras nos últimos dez anos e propor mudanças que aumentem o grau de democratização e transparência. O evento ser será transmitido ao vivo, com imagens geradas pela TVT e distribuídas em diferentes canais web.
Em coletiva de imprensa realizada na tarde de terça-feira 11 (foto), na sede da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), em São Paulo, integrantes do Grupo de Reflexão em Relações Internacionais (GR-RI) tiveram o cuidado de destacar que a política externa praticada desde o primeiro ano de mandato presidencial de Lula registrou avanços. Mas todos os que falaram com os jornalistas insistiram que a participação dos atores sociais na formulação e acompanhamento dessa mesma política precisa ser ampliada e institucionalizada.
“Lembrando que a própria realização dessa conferência já é um passo, uma contribuição, nesse sentido”, afirmou o reitor da UFABC, Giorgio Romano. Os mais de 70 integrantes do GR-RI, que propôs a conferência, já realizaram sete rodadas de debate para formular propostas. “Já a conferência quer promover o envolvimento da sociedade nessa tarefa e que as propostas com esse objetivo surjam de forma clara, consolidada, para a construção dos instrumentos e ferramentas de democratização da política externa brasileira”, explicou o secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT e presidente do Instituto de Cooperação da Central, Artur Henrique.
Embora o GR-RI tenha participação de ex-integrantes do governo Lula, como Luis Dulci e Paulo Vannuchi, será a primeira vez que o governo federal vai participar, representado pelos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e Celso Amorim, da Defesa. O ex-presidente encerrará o encontro.
Ineditismo - Maria Regina Soares de Lima, professora de Estudos Sociais e Políticos da UERJ – IESP/UERJ e coordenadora do Observatório Político Sul- Americano, da mesma universidade, disse que em toda a sua carreira de pesquisadora jamais presenciou a realização de uma conferência como essa. “Seja pelo momento que vivemos nessa área, em que o Brasil ampliou seu raio de ação e redescobriu a América Latina como prioridade em sua política externa, seja pelo número de atores sociais que estarão envolvidos”.
“Antes, a política externa brasileira era uma caixa preta, desconhecida da sociedade, voltada para um tal de interesse nacional que nunca foi debatido publicamente. E voltado quase unicamente para as questões econômicas e comerciais”, lembrou Graciela Rodrigues, da Rebrip (Rede Brasileira pela Integração dos Povos).
Representante da fundação Maurício Grabois, ligada ao PCdoB, Rubens Diniz propôs um exercício de futuro: “Como será essa política externa em 2022, quando o Brasil completar 200 anos de independência? Terá contribuído para a justiça, a igualdade, a paz e a soberania? Este grupo quer disputar os rumos dessa política”.
Iole Ilíada, vice-presidenta da Fundação Perseu Abramo, do PT, disse que a conferência é a primeira a reconhecer que os movimentos sociais e as entidades da sociedade civil, “por suas características e formas de luta, também agem nas relações internacionais”. E destacou a presença do Foro de São Paulo nos quatro dias de debate. “O Foro tem reunido ao longo dos anos as forças de esquerda e progressistas de nosso continente e muito contribuiu para as mudanças que experimentamos hoje”.
Para saber mais detalhes sobre a conferência, acesse www.conferenciapoliticaexterna.org.br.
CUT - 12/6/2013
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Movimentos sociais, universidades e governo debatem entre 15 e 18 de julho, em Minas, participação popular e transparência nas relações internacionais
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