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Mais de 30 mil negros assassinados em 2011 no país

Linha fina
Homicídio é maior entre homens de 15 a 29 anos. Sindicato critica institucionalização da violência contra os negros e promove debate dia 31
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São Paulo – Em 2011, 35.207 cidadãos negros foram assassinados no Brasil. A taxa de homicídio dessa população foi 9% acima do que a observada há cinco anos. Os números assustadores são resultado de levantamento feito pela Agência Brasil com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ao mesmo tempo em que negros ficaram mais vulneráveis à violência nesses cinco anos, a taxa de homicídios da população branca caiu 13%, ao passar de 15.753 casos em 2006 para 13.895 casos em 2011.

O alvo principal de vítima de homicídio no Brasil são homens negros, com idade entre 15 e 29 anos, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Dos 52.198 homicídios ocorridos no Brasil em 2011, 18.387 tiveram como vítimas homens negros entre 15 e 29 anos, ou seja, 35,2% do total.

Segundo Felipe Freitas, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República, a persistência da violência contra a juventude negra resulta tanto do processo histórico no país, em que a população negra foi sendo empurrada para as áreas mais pobres e vulneráveis das cidades, como do racismo que ainda persiste na sociedade.

De acordo com a Seppir, há evidências de que a sociedade brasileira tolera mais a morte de negros do que de brancos. Uma pesquisa feita pela secretaria em parceria com o DataSenado, em 2012, mostrou que, para 55,8% da população, a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte violenta de um jovem branco.

Julio César Santos, dirigente sindical e coordenador do Núcleo de Combate ao Racismo do Sindicato, reforça que a disparidade racial no Brasil é grande e diminuir os números da violência urbana contra os negros é desafiador. “Em São Paulo a situação não é diferente, pelo contrário, é latente, gritante. Nas periferias são poucas as opções de lazer. No mercado de trabalho, o negro é visto somente na retaguarda. E os jovens negros da periferia ainda convivem com o racismo institucionalizado pela polícia, que deveria defender os cidadãos”, destaca.

Violência policial – Uma ordem de serviço da 2ª Companhia de Polícia Militar de Campinas (SP) ganhou projeção na mídia e nas redes sociais no primeiro semestre deste ano. O documento orientava policiais a abordar “especialmente indivíduos de cor parda e negra, com idade entre 18 e 25 anos em grupos de três a cinco indivíduos”. Quando a notícia circulou, a Polícia Militar de São Paulo se defendeu dizendo que o objetivo era atender a um pedido da população local, que reclamava de um grupo de criminosos que atuava na região e tinha, como característica, ser composto por pretos e pardos com idades entre 18 e 25 anos.

“Quem é negro, e, principalmente os que vivem ou estão em contato com áreas periféricas de São Paulo, sabe que essa orientação não foi um fato isolado e que só teve destaque porque caiu na imprensa. Infelizmente, trata-se de uma rotina violenta e que vai contra os direitos humanos”, conclui Julio César.

Nova secretaria – A cidade de São Paulo ganhou neste ano a Secretaria de Promoção de Igualdade Racial. A criação da nova pasta foi uma das metas do governo de Fernando Haddad (PT), eleito no ano passado. O objetivo da nova secretaria é de desenvolver políticas públicas e construir uma agenda política voltada à população negra.

Racismo em pauta – O Sindicato organiza um debate sobre racismo no dia 31 de julho, às 15h, na sede da entidade. A plenária antecede a Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial, marcada para 1 e 2 de agosto. Clique aqui e saiba como participar.


Redação, com informações da Agência Brasil – 15/7/2013

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