São Paulo – O Itaú teve lucro líquido de R$ 7,055 bilhões no primeiro semestre deste ano, o que representa alta de 4,83% em relação ao mesmo período de 2012. O resultado é o segundo maior da história dos bancos no país, e perde apenas para outro recorde do próprio Itaú, nos primeiros seis meses de 2011 (R$ 7,133 bilhões). O balanço do banco foi divulgado nesta terça-feira 30.
O crescimento do lucro pode ser explicado pelo aumento significativo de 21,6% das Receitas de Prestação de Serviços e Tarifas e também pela redução de 20,6% nas despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD), que compensaram inclusive a queda de 3,5% do Produto Bancário (rendas das operações bancárias e de seguros).
Mais lucro e menos emprego – Os bons resultados do balanço, no entanto, não impediram que a maior instituição financeira privada do país cortasse milhares de postos de trabalho. De junho de 2012 a junho de 2013, foram extintos 4.458 empregos, dos quais 2.264 apenas de dezembro de 2012 até junho.
“Não podemos admitir que um banco que lucra R$ 7 bi retribua o trabalho dos funcionários com desemprego. A empresa cresce cada vez mais, superando seus próprios resultados anteriores, há aumento do volume de tarefas e redução de funcionários. Os que ficam estão sobrecarregados e adoecendo por conta da cobrança de metas abusivas e do assédio moral que resulta dessa pressão. Nossa Campanha Nacional já está nas ruas, e vamos exigir emprego e condições de trabalho”, destaca a secretária de Saúde do Sindicato e funcionária do Itaú, Marta Soares.
A dirigente lembra ainda que, quando se trata dos altos executivos, a instituição é benevolente. Já que em 2013 o Itaú distribuirá nada menos do que R$ 7,8 milhões para cada um dos 16 membros do alto escalão da diretoria. “Os que estão nas agências e concentrações, cujo trabalho diário é que faz o lucro alto do banco, também merecem valorização.”
Despesas com pessoal – O balanço mostra ainda que só com as receitas advindas dos serviços e tarifas, o Itaú consegue cobrir as despesas com pessoal em 170%. Essa relação era menor no primeiro semestre de 2012: 153%.
“Ou seja, não há justificativa para que o banco não valorize seus empregados. Este ano, a categoria quer 5% de aumento real mais reposição da inflação, o que dá um reajuste salarial de 11,93%. O Itaú tem plenas condições de atender essa reivindicação”, afirma Marta, lembrando ainda que gerar empregos, ao invés de reduzi-los, é uma forma de a instituição contribuir, inclusive, com o desenvolvimento do país. “Isso sim é responsabilidade social”, diz.
Expansão do crédito – O banco também registrou crescimento de 8% em sua carteira de crédito expandida, que alcançou o saldo de R$ 467,514 bilhões. No segmento de pessoas físicas, os destaques foram os crescimentos nas carteiras de crédito consignado e imobiliário, com evoluções de 58,6% e 32,4% no período de 12 meses, respectivamente. O segmento de pessoas jurídicas, sem considerar os títulos privados, apresentou crescimento de 7,5% no período de 12 meses. A carteira de grandes empresas cresceu 15,8%, enquanto que a carteira de micro, pequenas e médias empresas reduziu 5,7% em relação a junho de 2012.
Outros dados – O resultado de operações com seguros, previdência e capitalização atingiu R$ 4,363 bilhões, apresentando aumento de R$ 204 milhões (9,8%) em relação ao mesmo período do ano anterior.
O balanço mostra ainda que houve crescimento do Patrimônio Líquido (0,2%), atingindo R$ 75,781 bilhões em junho de 2013. E variação de 19% total de Ativos que chegou a R$ 1,057 trilhão.
O índice de inadimplência das operações vencidas acima de 90 dias apresentou redução de 1,0 ponto percentual em relação a junho de 2012 e atingiu, segundo o banco, o menor nível desde a integração Itaú e Unibanco.
Andréa Ponte Souza - 30/7/2013
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Resultado do primeiro semestre é o segundo maior da história dos bancos para o período. Mesmo assim, instituição extinguiu 4.458 postos de trabalho em um ano
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