São Paulo – O Banco do Brasil teve lucro líquido recorde de R$ 10 bilhões no primeiro semestre deste ano. O resultado, divulgado na terça 13, é 82,01% maior que o registrado em igual período de 2012, quando o lucro foi de R$ 5,5 bi. Com isso, segundo dados da consultoria Economatica, a instituição pública tem o melhor resultado para um primeiro semestre da história dos bancos no país, superando os R$ 7,2 bi do Itaú entre janeiro e junho deste ano.
Um dia depois do anúncio do banco, na quarta 14, os representantes do funcionalismo e da direção do Banco do Brasil iniciam os debates da Campanha 2013, em torno das negociações específicas para a renovação do acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O resultado do semestre foi impulsionado pela expansão dos negócios, contenção das despesas e, principalmente, pelo impacto da venda das ações da BB Seguridade, em abril, que gerou uma receita bruta de R$ 11,5 bilhões. O lucro líquido ajustado, ou seja, sem itens extraordinários, atingiu R$ 5,3 bi no semestre.
O balanço, divulgado na terça-feira 13, mostra também que a relação receita de tarifas e serviços e despesas de pessoal ficou em 126%. “Ou seja, só com o dinheiro que o banco arrecada em tarifas ele paga todo sua folha de pessoal e ainda sobra”, destaca o diretor executivo do Sindicato e funcionário do BB Ernesto Izumi.
O dirigente ressalta ainda que o lucro recorde mostra que a instituição tem todas as condições de atender às reivindicações gerais da Campanha Nacional e as específicas dos bancários do BB. “Queremos promoção por mérito mais rápida e com percentual maior: 6% a cada três anos e não os 3% atuais. Também queremos que o banco recomponha as verbas salariais como eram antes da imposição do novo plano de funções. Os números do balanço mostram que o Banco do Brasil pode nos atender, valorizando os que constroem o lucro do banco no dia a dia.”
Ernesto lembra que a campanha dos bancários não é só por salário, é também por respeito. “Além das cláusulas financeiras, queremos que a instituição acabe com as metas do dia e metas individuais, que tanto adoecem os trabalhadores.”
Falta contratar – O balanço mostra que em junho de 2013 o banco possuía 113.720 trabalhadores, o que corresponde a uma redução de 276 postos de trabalho em 12 meses, já que em junho de 2012 o banco tinha 113.996 trabalhadores. “Hoje o BB tem em média 12 funcionários por agência. Isso é muito pouco. Já foram 17 por unidade, portanto, a situação vem piorando. Queremos mais contratações. Os bancários estão sobrecarregados e os clientes merecem ser bem atendidos”, acrescenta o dirigente.
Outros dados – A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 638,6 bilhões em junho de 2013, expansão de 25,7% em doze meses, a maior entre os bancos que já divulgaram seus resultados do semestre (Bradesco, Santander e Itaú). Com destaques para a carteira Pessoa Jurídica, que cresceu 28,8%, e Agronegócios (32,8%).
A inadimplência acima de 90 dias encerrou junho em 1,87%, o menor patamar registrado nos últimos 11 anos. Esse percentual corresponde 0,13 p.p. menor que março de 2013 e 0,32 p.p. menor do que junho de 2012.
As despesas de PDD (provisão para devedores duvidosos) elevaram-se somente 8,5% em relação ao ano anterior, e totalizaram R$ 7,525 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Negociação - As primeiras questões a serem tratadas serão temas de saúde e condições de trabalho, mesmos assuntos discutidos na primeira rodada de negociação da pauta geral entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) realizada nos dias 8 e 9 de agosto.
As propostas dos bancários foram aprovadas durante o 24º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil. Entre as reivindicações estão mais contratações de bancários para as agências e complexos administrativos, fim das metas diárias, Cassi e Previ para todos, fortalecimento dos conselhos de usuários da Cassi entre outras.
Andréa Ponte Souza - 13/8/2013