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Você já trabalhou com atestado na gaveta?

Linha fina
Presenteísmo é o nome dessa prática, adotada por descaso com a própria saúde ou por medo de represália de gestores. Sindicato alerta sobre cuidados e responsabilidade para doença não virar pesadelo
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São Paulo – Você, bancário, já ouviu falar na palavra “presenteísmo”? Pode até não saber o que é, mas com certeza já passou ou viu algum amigo passando por tal situação. Presenteísmo é o mesmo que trabalhar doente. É o nome dado à prática de desempenhar as funções no ambiente corporativo com o atestado na gaveta, ou após ir ao médico e negar um atestado alegando que precisa trabalhar.

O motivo da doença nem sempre é uma lesão por esforço repetitivo ou uma depressão. Pelo contrário. Qualquer gripe, crise de sinusite, rinite, ou outras doenças diagnosticadas por um médico e atestadas são motivos para desencadear o presenteísmo desde que o profissional ignore a necessidade da falta justificada e trabalhe mesmo adoecido.

Para a secretária de Saúde do Sindicato, Marta Soares, pode ser um agravante para a saúde: o bancário comparece ao local de trabalho, mas não consegue manter a produtividade dentro do normal por estar doente e não assumir diante da falta de conhecimento da gravidade do problema ou até mesmo por medo dos gestores. “É um caminho para graves consequências, alguns danos irreversíveis, como a perda de movimento causada pela gravidade da LER/Dort ou sequelas por uma depressão. Qualquer resfriado com atestado médico é motivo para o trabalhador se recompor, receber medicação, descansar, para voltar com saúde ao trabalho.”

Quem sofre – O conselho de uma bancária que exercia a função de gerente-geral e está afastada há seis anos, é que o trabalhador jamais guarde atestado na gaveta ou recuse o documento quando o médico indica afastamento. “Percebi que estava doente quando comecei a ir dormir 1h e acordar 3h da madrugada achando que já tinha que ir para o banco. A ansiedade era enorme e eu só pensava no trabalho. Ficava acelerada, fora do normal.”

A trabalhadora procurou um médico, que diagnosticou o caso como estresse e ansiedade causados pelo trabalho. “Fiz vários exames, ele falou para eu me afastar, mas recusei pegar o atestado e fui trabalhar no dia seguinte.”

Em determinado momento, a situação se agravou. A bancária relata que não tinha paciência com as pessoas, falava alto no ambiente de trabalho e não conseguia se relacionar com os colegas. “Me arrependo bastante por não ter cuidado da minha saúde. Se o objetivo de um bancário hoje, que está doente, é continuar a trabalhar como bancário, meu recado é que ele procure logo se tratar, se cuidar para voltar mais forte ao trabalho. Saúde vem em primeiro lugar.”

Além do transtorno psicológico, a trabalhadora entrevistada também trata de uma tendinite que se agravou nos últimos meses.

Epidemia na categoria – Mais de 21 mil bancários no Brasil estão afastados, dos quais 25,7% por doenças como estresse, depressão, síndrome do pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% por doenças do sistema osteomuscular (como as LER/Dort). Todas são epidemia na categoria bancária, mas os bancos discordam desse fato. E você? Concorda que o adoecimento dos bancários está relacionado com o trabalho bancário? Clique aqui e responda à enquete.


Gisele Coutinho – 16/8/2013

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