São Paulo – A CUT chega aos 30 anos no dia 28 de agosto como a maior organização de trabalhadores da história do país. De 1983 para cá, muita resistência, avanços e conquistas. Hoje, a central vive um momento em que colhe o que foi plantado ao longo de sua história, como a política de valorização do salário mínimo, o aumento real dos salários e a inclusão da PLR no rol de direitos dos trabalhadores.
Mas o cenário nem sempre foi favorável. Desemprego, salário defasado, recessão, censura e restrição às liberdades de opinião e de organização. Sob essas condições, 5.059 delegados de 912 entidades, do campo e da cidade, reuniram-se no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, e fundaram a Central Única dos Trabalhadores (foto), desafiando a ditadura militar comandado pelo general presidente João Baptista Figueiredo.
Com o nascimento da Central, foi consolidada a prática de um novo sindicalismo, combativo e independente dos patrões e do Estado. E que teve seu embrião no final dos anos 1970, nas greves operárias lideradas pelo então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.
As palavras de ordem daquele momento exigiam eleições diretas para a Presidência da República, o fim da ditadura e de sua política econômica que gerava efeitos nefastos sobre os trabalhadores: a inflação bateu os 223% no ano de 1984, não havia reajustes salariais, dívida externa de mais de 100 bilhões de dólares e a submissão do país aos desmandos do Fundo Monetário Internacional (FMI) – entidade da qual o Brasil passou a ser credor, durante o governo Lula.
Em uma perspectiva histórica, portanto, as pautas apresentadas pela Central recém-nascida foram alcançadas com muita luta. A ditadura foi superada, o país não está mais submetido à cartilha econômica dos organismos internacionais e vive o período democrático mais longevo e estável de sua história.
Presente – Hoje, a CUT atua em todos os ramos de atividade econômica do país, com 3,8 mil entidades filiadas, 7,8 milhões de associados e uma base de 23,9 milhões de trabalhadores.
Desde 2003, com o início do governo Lula, um dos fundadores da CUT, a Central experimenta um momento diferente. A postura hostil, de criminalização do movimento sindical, existente nos governos anteriores, deu lugar a uma propensão ao diálogo. Isso permite aos trabalhadores reivindicar e, quando necessário, criticar as políticas públicas diretamente àqueles que as executam.
O caráter inovador que motivou a fundação da Central não pode ser perdido de vista, de acordo com o presidente da CUT, o bancário Vagner Freitas. “O maior desafio da CUT, hoje e sempre, é ser visionária para conseguir estar à frente do seu tempo. Precisamos mudar a estrutura sindical brasileira, que é arcaica. Na CUT, o papel do dirigente é classista, ou seja, ele tem de defender toda a classe trabalhadora e não apenas a base do seu sindicato”, afirma.
Comemoração – Para celebrar os seus 30 anos, a CUT promove uma retomada histórica do Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo na quinta feira 29, das 10h às 22h. O evento cultural terá música, oficinas, gastronomia e saraus.
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Renato Godoy – 21/8/2013
* Atualizada às 17h50 de 22/8/2013