São Paulo – A greve atingiu pela terceira vez o Centro Tecnológico do Itaú (CTO), o “cérebro” das operações de TI do banco e onde trabalham cerca de 5 mil bancários e 2 mil terceirizados. O prédio, na região central da capital, também concentra todo o serviço de compensação de cheques do Itaú. O banco teve paralisadas, ainda nesta terça-feira 8, 20º dia de greve, as concentrações CA Brigadeiro, ITM, Tatuapé e CA Raposo.
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“Menos de 1% de aumento real é muito pouco e a greve é legítima”, opinou sobre a proposta da Fenaban uma bancária da agência Personnalité que funciona no prédio e atende somente os funcionários do banco. “A pressão é constante e isso é geral em todas as instituições financeiras”, acrescentou, ao ser indagada sobre as condições de trabalho.
“O banco exige cursos de pós-graduação e na FGV, mas o salário é baixo para o que exigem”, critica bancário da compensação.
Terceirização – Se os bancários enfrentam dificuldades e não se sentem recompensados, a situação é ainda pior para os cerca de 2 mil terceirizados que trabalham no prédio. “Meu VA é R$ 50 por mês e o VR é R$ 10 por dia. Entro às 7h e saio às 5h (da tarde) e ganho em torno de um salário mínimo”, conta um terceirizado que trabalha no setor de expedição, mais conhecido como malote, que é o transporte de documentos do banco, serviço antes feito pela categoria bancária.
O caso do trabalhador ilustra o avanço da terceirização no setor bancário, usada como estratégia para economizar em mão de obra. “Muitos anos atrás eu trabalhava com microfilmagem de cheques e ganhava R$ 1.500. Hoje o banco contrata três pessoas pra fazer o mesmo que eu fazia por pouco mais que isso”, conta um bancário do CTO, com mais de 15 anos na instituição.
Acúmulo de funções – “Quando eu entrei no banco, o gerente era gerente. Hoje ele tem até que abrir caixa porque não tem gente suficiente na agência. Cada vez mais o bancário acumula funções”, diz outro do CTO.
Tanto a terceirização quanto a falta de trabalhadores deixa os bancários apreensivos. “O futuro da categoria é incerto. Por isso que essa ainda é a única forma de a gente conseguir alguma coisa”, diz o bancário, referindo-se à paralisação.
Seu colega acrescenta que os bancos preferem desestimular a investir nos funcionários. “O banco não pensa que se ele investir no trabalhador isso vai lhe dar um retorno maior, porque as pessoas satisfeitas rendem mais. Não, ele prefere piorar a vida do funcionário e isso também resulta em péssima qualidade de serviço pra população. Não adianta só fazer propaganda bonita na TV”, critica.
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Andréa Ponte Souza - 8/10/2013
Linha fina
Cinco mil cruzam os braços no CTO em dia que o movimento atingiu ainda os CAs Raposo e Brigadeiro, além de concentrações no Tatuapé e ITM
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