São Paulo – Os bancários estão mobilizados contra as demissões que atingiram concentrações e agências do HSBC em todo o país. Nesta segunda 10, segundo dia de protestos, pararam o Centro Administrativo São Paulo (Casp; foto à direita), com cerca de 1,2 mil funcionários, e agências do centro de São Paulo, Avenida Paulista, zonas leste e sul e, em Osasco, no calçadão.
> Fotos e vídeo sobre a paralisação
O ato integra mobilização nacional contra as centenas de dispensas ocorridas em diversas partes do país. Em São Paulo, Osasco e região já são cerca de 90. As manifestações começaram na sexta 7, no Casp, onde houve 60. “Estamos cobrando que o HSBC cesse as demissões. Enquanto isso não ocorrer as manifestações vão continuar”, diz a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
> Sindicato para o CASP contra demissões
Nesta segunda 10, o Sindicato paralisou uma das duas agências do HSBC localizadas na Avenida Paulista (foto à esquerda). Nela houve pelo menos uma dispensa. Segundo a diretora executiva do Sindicato Marta Soares, o HSBC justificou o desligamento como uma questão de baixa performance. “Mas essa funcionária estava há 13 anos no banco e justo agora foi demitida sob essa alegação? Isso não convence. Queremos que o banco pare imediatamente com as demissões e aceite negociar formas de reverter as dispensas que já ocorreram”, afirma a dirigente.
Os bancários da agência paralisada estão apreensivos. “Espero que o banco pare com as demissões, porque não tem mais onde cortar”, conta uma bancária da área de atendimento. “Éramos em 13 na equipe há dois anos e hoje somos sete, e isso em uma agência de grande porte, na Avenida Paulista, onde o movimento é muito grande”, acrescenta.
“Estamos inseguros. Tenho filho pequeno, planos, quero comprar uma casa, mas com esses boatos de demissão em massa eu coloco o pé no freio, porque não sei se amanhã vou continuar empregado”, conta um bancário.
A revolta também é comum, já que o HSBC possui considerável histórico de negócios escusos. Recentemente foi anunciado que o banco faz provisões de mais de US$ 1 bilhão para encerrar com acordo acusações de envolvimento em manipulação cambial. Isso impactou diretamente no lucro da instituição e, consequentemente, na PLR dos bancários. “O banco se mete em maracutaia, é obrigado a fazer provisionamento e quem paga somos nós com demissões e sem PLR”, critica uma funcionária.
Quem não é dispensado tem de encarar o conhecido roteiro: acúmulo de funções, sobrecarga de trabalho e assédio moral. “Tenho de abrir 42 contas por mês, mas não é só isso. Os clientes devem ter renda de mais de R$ 10 mil e nome limpo. Somos cobrados o tempo todo e se não atingimos o resultado podemos perder o emprego. É difícil”, desabafa um bancário da área comercial. “E agora ainda temos de nos preocupar com essas demissões. Está complicado levantar da cama para vir trabalhar.”
Caso tenha ocorrido demissões desde o início de novembro em seus locais de trabalho, denuncie pelo 3188-5200 ou clicando aqui (escolha o setor "site"). O sigilo dos denunciantes é garantido.
> Bancários denunciam demissões no HSBC
Curitiba - Em Curitiba, onde foram 200 demissões, além dos quatro Centros Administrativos, fecharam as agências André de Barros, Brasílio Itiberê, Ceasa, Centro Cívico, Comendador Araújo, Hauer, João Negrão, Juvevê, Marechal Deodoro, Mercês, Novo Mundo, Orleans, Parolin e Passarela.
A paralisação é por tempo indeterminado. Em Curitiba e região, são 34 agências bancárias do HSBC e cerca de 5,5 mil funcionários.
Também houve protestos com paralisações de agências no Rio de Janeiro e em Recife.
Rodolfo Wrolli – 10/11/2014
(Atualizada às 12h42 de 11/11)
Linha fina
No segundo dia de mobilização, paralisações são estendidas a unidades na Avenida Paulista, centro e zonas leste e sul de São Paulo, além de Osasco. Pelo menos 250 bancários foram dispensados em todo o país
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