São Paulo - A direção do Banco do Brasil enviou comunicado interno deixando claro que defende mudanças estruturais na Caixa de Assistência. O documento veio a público na quinta-feira 12, poucos dias após reunião entre representantes do banco e integrantes da Chapa Mais União, vencedora da eleição na Cassi.
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No documento do banco há pontos que devem servir de alerta aos participantes como: “Repensar a governança e a arquitetura organizacional (...) é inevitável, pois a Cassi precisa incorporar conhecimento e experiência em saúde à sua direção, além de evitar o estado de ‘não decisão’ em suas instâncias estratégicas”.
“O recado é claro. O banco quer implantar o voto de minerva, para dar a última palavra na Cassi. Conta naturalmente com o apoio dos dirigentes que indica e, ao que parece, com a simpatia dos novos eleitos, que, em atitude no mínimo suspeita, mal venceram as eleições e já foram se reunir com o banco”, afirma o diretor do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga.
Em outro trecho, o BB coloca a premissa: “As ações precisam ser estruturantes em diversas dimensões: receitas, despesas e processos de gestão assistencial (...)”. Para João Fukunaga, a leitura adequada da frase é: “Vão aumentar as contribuições dos associados à Cassi. Não concordamos e vamos fazer a defesa dos nossos colegas”, alerta.
Para o dirigente, o comunicado fica ainda mais claro quanto a intenção de onerar os associados da Cassi quando cita que as “soluções” para a Cassi “não serão fáceis para ninguém” e que o “compromisso em equilibrar sacrifícios amenizará as dificuldades”. “Esse comunicado mais parece uma forma de preparar o terreno para o pacote de maldades que está por vir nessa proposta do BB para a Cassi”, avalia Fukunaga.
E os novos eleitos?
O documento do BB foi divulgado poucos dias após a Chapa Mais União divulgar uma nota relatando reunião que teve com representantes da instituição financeira, em 4 de abril. “A reunião aconteceu antes de sua visita à Cassi ou de sua posse, talvez para pedir as bênçãos ao banco”, critica João Fukunaga.
O que chama mais atenção no documento divulgado pelos novos eleitos, diz Fukunaga, é conter trechos idênticos aos ditos pelo banco, tais como: “(...) houve um consenso de que deverão ser feitos estudos técnicos caso haja a necessidade de um aporte adicional de recursos, tanto da parte do banco, como da parte dos associados, para, no curto prazo, resolver o problema estrutural do financiamento do plano” e também “(...) conduziremos os estudos técnicos visando o estabelecimento de um novo modelo de financiamento“.
Os dois discursos, que deveriam contemplar interesses divergentes, estão muito afinados. Cabe ao funcionalismo resistir para impedir o ataque a conquistas importantes como a paridade na gestão, a não cobrança por dependente, o princípio da solidariedade e o modelo de custeio com contrapartida maior do banco para ativos e aposentados.
“Vamos acompanhar tudo de perto e denunciar medidas prejudiciais aos participantes. Vale lembrar ainda que as mudanças pretendidas precisam ser votadas pelo corpo social, pois estão previstas no estatuto da Cassi”, finaliza João Fukunaga.