São Paulo – O Santander atingiu o maior lucro de sua história para um semestre nesses primeiros meses de 2017, obtendo R$ 4,612 bilhões. O montante representa crescimento de 33,2% em relação ao mesmo período de 2016. Esse resultado significa 26% do lucro global do banco espanhol, sendo o Brasil o país mais lucrativo para a instituição. Em seguida vem o Reino Unido, com 17%, e a Espanha, com 15%.
Mas o resultado expressivo não representou criação de postos de trabalho. Pelo contrário. Em 12 meses (junho de 2016 a junho de 2017), o banco eliminou 2.281 vagas, reduzindo o total de funcionários para 46.596. O banco também fechou agências. Foram 11 unidades encerradas no semestre, passando para 2.255.
“Os ganhos expressivos obtidos no Brasil não se traduziram em nenhuma contrapartida social, já que o banco segue fechando agências e demitindo milhares de pais e mães de família, trabalhadores que geraram esse lucro astronômico por meio do seu esforço e dedicação”, critica a diretora executiva do Sindicato e bancária do Santander, Maria Rosani.
As receitas de tarifas e prestação de serviços tiveram alta de 17%, com destaque para receitas de cartões de crédito, serviços de conta corrente e comissões de seguros. Somente com os lucros obtidos por meio dessa receita, o Santander cobre 170% do total de suas despesas de pessoal.
"Esse dado comprova que o Santander não só pode, como deve contratar mais funcionários a fim de prestar melhor atendimento aos clientes que pagam tarifas altas e também para contribuir socialmente com o país que dá tanto lucro para esse banco espanhol”, enfatiza.
Palpites infelizes – Em sua apresentação a investidores, o Santander faz uma avaliação daquilo que considera necessário para o bom desempenho da economia brasileira. Entre os itens, o banco destacou as reformas da Previdência e a trabalhista; a eliminação da indexação de gastos sociais; requisitos mais rígidos para acesso aos programas sociais; contenção de gastos.
“Enquanto a economia está em queda, os bancos continuam aumentando as tarifas que os clientes pagam e querem reduzir seus gastos por meio de demissões e retirada de direitos. É no mínimo revoltante”, protesta Maria Rosani.
“Além de socialmente não contribuir em nada com o país que representa mais de um quinto do seu lucro global, o banco espanhol ainda se mete a dar palpites sobre o que deve ser feito na economia, e a maioria das sugestões envolvem a retirada de direitos da população. É um desrespeito, com os brasileiros, para não dizer um ultraje”, afirma a dirigente.
Outros números – As despesas de provisão totalizaram R$ 5,959 bilhões no primeiro semestre, com redução de 6% em doze meses.
As receitas de operações de crédito cresceram 42%. A carteira de crédito ampliada somou R$ 324,944 bilhões com elevação de 5,4% em doze meses e redução de 0,1% no trimestre.
O crédito a pessoa física chegou a R$ 97,414 bilhões com alta de 12,2% em doze meses impulsionado por cartão de crédito, consignado e rural.
A carteira de financiamento ao consumo atingiu R$ 36,9 bilhões com elevação de 15,7% em doze meses.
O crédito a pequenas e médias empresas cresceu 0,3% em doze meses chegando a R$ 32,522 bilhões, enquanto a carteira de grandes empresas registrou queda de 3,5% chegando a R$ 89,811 bilhões.
O índice de inadimplência atingiu 2,9% com redução de 0,3 ponto percentual em 12 meses