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Chapéu
Contra o Desmonte

Adiada votação de mudança estatutária que permite o aparelhamento da Caixa

Linha fina
Presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, alerta que os empregados precisam se mobilizar contra mudanças pretendidas pela presidente do Conselho de Administração, que afetam a carreira da categoria e a atuação do banco
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Foi adiada para esta semana a votação no Conselho de Administração (CA) da Caixa Econômica Federal da alteração no Estatuto para permitir que diretorias da área de controle (Jurídica, Auditoria e Corregedoria) sejam ocupadas por não concursados do banco. A alteração gerou manifestações de repúdio de entidades como Fenae, Apcefs, Advocef e sindicatos de bancários.

Para Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae, o que o governo pretende é privatizar a gestão da Caixa. “Como não conseguiram transformar o banco em Sociedade Anônima, graças à mobilização dos empregados, das entidades e da sociedade, querem aparelhar a empresa. Melhorias na governança são bem-vindas. Mas esse discurso, liderado principalmente pela presidente do CA, Ana Paula Vescovi, que segue a cartilha de Temer, está servindo como pano de fundo para desvalorizar os trabalhadores e enfraquecer a Caixa”, afirma.

Dionísio Reis, diretor do Sindicato dos Bancários e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, diz que as mudanças fazem parte de mais um golpe contra o banco público e os brasileiros. “Há toda uma luta dos empregados, entidades representativas e população, com audiências públicas por todo o país, inclusive, no sentido de uma Caixa 100% Pública e para todos. E agora, às vésperas das eleições, o governo golpista de Temer e o sistema financeiro arquitetam mais um golpe na gestão da Caixa, mudando as regras para o próximo presidente que será eleito democraticamente pelo povo”, enfatiza.

A proposta que acaba com a exclusividade dos empregados assumirem diretorias da Caixa já havia sido feita por ocasião do debate do novo Estatuto, em outubro de 2017, mas foi retirada do texto devido à grande resistência do movimento dos empregados. Em maio deste ano, a imprensa ventilou o retorno da proposta, o que gerou ações populares contra conselheiros. Em agosto, o Conselho de Administração anunciou que os próximos vice-presidentes serão escolhidos em processo seletivo externo, conduzido por consultoria privada.

Para Jair Ferreira, as medidas destroem a carreira dos trabalhadores da Caixa. “É fundamental que todos os colegas do banco entendam os riscos dessas mudanças e lutem conosco. Depois de afetar a escolha de vice-presidentes e diretores, o que vem pela frente? O aparelhamento e a terceirização dos demais cargos? A luta continua, não podemos pagar para ver. O que está em risco é o futuro dos trabalhadores, da Caixa e, consequentemente, do país”, alerta.

A representante dos empregados no Conselho de Administração, Rita Serrano, é contra a mudança na ocupação de cargos. Quando o CA anunciou a nova forma de escolher os VPs, em agosto, ela destacou que “a melhor opção seria os dirigentes selecionados entre os empregados”. Segundo Rita, “a Caixa conta com corpo funcional qualificado, formado por meio de concurso público, com médias de escolaridade e formação acima das demais instituições financeiras”.

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