São Paulo – O programa De Braços Abertos – iniciativa da prefeitura de São Paulo que oferece moradia, emprego, alimentação e tratamento a dependentes químicos – ganhará reforço financeiro em 2015. A Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, uma responsáveis por tocar o programa, terá aumento de 6% no seu orçamento, passando a contar com R$ 100 milhões. O montante maior também ajudará a ampliar a atuação de outros programas sociais.
Iniciado em janeiro deste ano, após acordo com moradores de 147 barracas que ocupavam as ruas Helvetia e Dino Bueno, o De Braços Abertos atende, atualmente, 422 beneficiários cadastrados. Por meio do programa, prefeitura oferece moradia em oito hotéis, três refeições diárias, oportunidade de emprego com renda de R$ 15 por dia, além de tratamento contra o vício com acompanhamento.
Mais de 120 pessoas estão em tratamento voluntário contra dependência química, e dados do início de março apontam que o consumo de crack foi reduzido, em média, de 50% a 70%. De uma média inicial de 10 a 15 pedras por dia, o consumo passou à média de cinco pedras diárias, concentrado no período noturno, segundo os relatos.
Até junho a prefeitura realizou mais de 28 mil atendimentos de saúde aos dependentes químicos, que hoje ocupam oito hotéis da região. De janeiro a junho foram 1.333 atendimentos médicos aos usuários do programa, 764 atendimentos médicos de rotina e outros 2.020 realizados pelas equipes multidisciplinares. Além disso, foram realizadas 7.183 abordagens em hotéis da região, outras 1.987 na tenda instalada e mais 11.474 no chamado “fluxo”, onde alguns usuários se concentram para consumir drogas.
As equipes de saúde bucal já realizaram 125 tratamentos e outros 135 atendimentos foram realizados em ações coletivas. As 12 unidades e serviços de saúde da região, como o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Complexo Prates e o da Sé, fizeram juntas 987 atendimentos desde o início do programa. Outras 634 pessoas foram encaminhadas ao Consultório de Rua.
O programa agora passa por um processo de descentralização da política pública iniciada na região do bairro da Luz conhecida como Cracolândia incluindo as subprefeituras da Vila Mariana, Lapa, Santo Amaro, Santana e Cidade Tiradentes, com adaptações conforme as características de cada região.
Crimes em baixa – Os índices de criminalidade registrados na Cracolândia caíram no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Crimes como furtos gerais e furtos de veículos diminuíram, respectivamente, 32,3% e 47,4% na comparação entre os primeiros seis meses de cada ano.
Os dados são do Sistema de Informações Criminais (Infocrim), da Secretaria Estadual de Segurança Pública, com base nos registros em 14 ruas da região. A queda coincide com a implementação do programa De Braços Abertos.
No primeiro semestre do ano passado, quando ainda não existia o programa que atende mais de 400 dependentes químicos, foram registrados 19 furtos de veículos e 319 furtos gerais na região. No mesmo período deste ano, foram dez furtos de veículos e 216 furtos de pessoas. Em toda a cidade, o número de furtos de veículos teve ligeira alta de 5,6% (de 24.016 para 25.370) e o de furtos gerais registrou queda de 1,4% (de 100.289 para 98.897), inferior a apontada na Cracolândia.
O número de roubos de veículos na Cracolândia neste primeiro semestre chegou a zero, enquanto no mesmo período do ano passado, foram 11 registros. Em toda a capital paulista, os casos de roubos de carros tiveram alta de 9,4% (de 24.131 para 26.420).
Já o número de roubos gerais na região caiu apenas 4,1% em termos relativos na Cracolândia, de 196 casos no primeiro semestre de 2013 para 188 registros neste ano. Apesar disso, em toda a cidade, os números de roubos cresceram em 38% (de 59.783 para 82.490) no mesmo período em comparação com o ano passado.
Carteira assinada - Em agosto, 16 participantes do De Braços Abertos, assinaram contrato de trabalho com a empresa de limpeza Guima. As pessoas tiveram a carteira de trabalho assinada e fazem serviços de limpeza em Centros de Referência de Assistência Social, com jornada diária das 7h às 16h45, de segunda a sexta-feira. Recebem salário de R$ 820 por mês, vale-refeição de R$ 9 por dia, cesta básica no valor de R$ 78 e vale-transporte.
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Redação, com informações da prefeitura de São Paulo – 11/11/2014