O Banco do Brasil está em tratativas com a gigante gestora de recursos americana BlackRock para um negócio envolvendo a BB DTVM, o braço do banco público para gestão de recursos. As informações foram divulgadas pelo jornal Valor Econômico.
“Se existe uma negociação, está errado”, afirma Marcel Barros, diretor de seguridade da Previ. “O Banco do Brasil está listado na B3 [Bolsa de Valores]. Então, se há uma negociação em curso, tem de haver uma comunicação ao mercado, porque os acionistas devem saber que o banco tem intenção de abrir o capital de um dos seus ativos.”
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“Além disso, se o governo quer vender uma parte do banco, essa entrega tem de ser feita por meio de disputa pública, e não com um único interessado. Mas como a notícia não dá muitos detalhes, não é possível saber o que de fato está ocorrendo”, ressalta o dirigente.
A natureza das discussões, que ocorreram com mais frequência durante a presidência de Paulo Caffarelli, que deixou a instituição no início deste mês, ainda é tratada com elevado grau de sigilo dentro do banco, mas uma fonte a par do assunto revelou ao jornal Valor que envolveria venda de pelo menos parte da subsidiária do banco à gestora.
Barros avalia que se o governo pretende negociar um dos ativos do Banco do Brasil, essa negociação deve ser feita por meio de IPO (oferta inicial de ações). “Por isso a notícia preocupa, porque se de fato ela é verdade, o mercado tem que saber. Mas para o Banco do Brasil, como banco publico, não é vantajoso, nesse momento, vender uma parte da instituição”, enfatiza Barros.
A assessoria da estatal, contudo, negou ao Valor qualquer discussão para se desfazer de sua participação na empresa.
Entretanto, outra fonte ouvida pelo jornal confirmou que as discussões, ao longo do ano, trataram de possíveis parcerias e negócios do BB com a BlackRock envolvendo a BB DTVM. Mas o interlocutor não quis especificar de que natureza teriam sido as conversas.
Questionado pelo Valor, o banco público respondeu que a “BB DTVM mantém parceria com 40 gestoras de recursos e é absolutamente normal, e esperado, que aconteçam reuniões de negócios com frequência”.
“Se essa entrega se confirmar, será mais um passo em direção ao encolhimento do banco público que, no atual governo, continua perdendo capilaridade e ativos, enfraquecendo sua importância”, protesta João Fukunaga, secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato e bancário do Banco do Brasil.