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Bancos não devem compensar taxas

Linha fina
Maior parte do spread vem dos altos lucros do setor, denunciado por tentar aumentar tarifas
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São Paulo - A iniciativa do governo em baixar os juros na Caixa Federal e no Banco do Brasil já rendeu algumas rodadas de redução das taxas também nos maiores bancos privados que atuam no país. Bradesco, Santander, Itaú e HSBC anunciaram juros menores em produtos para pessoas físicas e empresas.

O Sindicato defende a redução dos juros bancários. Um país que tem um dos maiores spreads do mundo – diferença entre o que os bancos gastam ao captar recursos e quanto cobram ao emprestar esse dinheiro – pode e deve derrubar suas taxas para ampliar o acesso ao crédito e impulsionar a economia.

“Mas isso tem de ser feito com transparência. Os juros mais baixos não podem ser compensados por tarifas mais altas. E os bancos também não podem aproveitar as novas taxas e forçar a venda de novos pacotes de tarifa ou realizar venda casada de produtos, como vem sendo denunciado por órgãos de defesa do consumidor”, diz a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Mais clientes – Com juros menores os bancos manteriam seus lucros ganhando em escala – com a ampliação do número de clientes – mais do que na capitalização dos produtos, hoje com alta margem no resultado.

E podem fazer isso. Basta mencionar que o lucro líquido é o maior componente do spread nacional, que com seus 27,8 pontos percentuais já é o mais alto do mundo, segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Os últimos dados do Banco Central, de 2010, mostram que o lucro era responsável por 32,7% do spread brasileiro. O segundo maior integrante era o montante que os bancos provisionavam para possíveis perdas com inadimplência, que chegou a 28,7% do spread. É importante lembrar que o provisionamento não corresponde à inadimplência de fato que está em torno de 4%.

Para Juvandia, os dados mostram que há margem para os bancos reduzirem os juros e o spread. “As instituições financeiras podem e devem cumprir seu papel social.” E acrescenta: “A iniciativa do governo, baixando os juros dos bancos públicos, mostrou que isso é possível. Os bancos privados estão sendo forçados a fazer o mesmo.”

Contratações – A dirigente lembra que o aumento da demanda por crédito, entretanto, não pode resultar em ainda mais sobrecarga de trabalho e pressão sobre os bancários, uma categoria já adoecida por um ambiente de trabalho propício ao assédio moral. “Já havia muito trabalho. Com o aumento da demanda, têm de contratar mais bancários.”


Redação - 17/5/2012

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