São Paulo - Era madrugada de 31 de março de 1964 quando o golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. Esse novo período, marcado pela cassação dos direitos políticos e fim das liberdades democráticas, com o impedimento da livre organização, repressão generalizada, prisões arbitrárias e intervenção nos sindicatos, obrigou os trabalhadores a se rearticularem para que direitos não fossem retirados. Esse movimento resultou na criação da oposição bancária no Sindicato.
> Página especial com a história dos 90 anos
Recessão - A política econômica do governo militar baseava-se no arrocho salarial e na recessão. Nesse contexto, foram estabelecidos acordos anuais para as categorias, impedindo a livre negociação entre patrões e empregados.
No caso do Sindicato, além da intervenção e prisão de dirigentes, a extinção do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários (IAPB), em 1966, foi uma grande perda para a categoria. O Instituto era fruto da greve de 1934 e fornecia melhores serviços médico-hospitalares aos bancários, facilidades para aquisição da casa própria, além de ter grande importância política para o Sindicato.
AI-5 - 1968 é o ano do endurecimento do regime militar. Em meio a manifestações da sociedade, como a passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro, o governo decide intensificar a repressão. No final do ano, o Ato Institucional nº 5 é decretado e o terrorismo de Estado é instalado.
Com o AI-5, o Congresso Nacional, as assembleias estaduais e câmaras municipais são fechados; parlamentares, intelectuais e lideranças sociais têm seus poderes políticos cassados; e ampliam-se as perseguições, por meio de organismos como o DOI-Codi e a Oban – organização de repressão violenta criada em 1969, vinculada ao Exército e financiada por industriais brasileiros e multinacionais.
Milagre econômico - Os primeiros anos da década de 1970 foram marcados pelo “milagre econômico”, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) alavancado por empréstimos externos, e a construção de projetos grandiosos, como a Transamazônica. Em paralelo, boa parte da população não desfruta desse “milagre” e a concentração de renda aumenta em todo país.
Grande parte das lideranças sindicais tem sua atuação sufocada devido a prisões, cassações e assassinatos. No Sindicato, um grupo de bancários começa a se organizar, principalmente a partir de bancos públicos, como o Banco do Brasil e o Banespa, para que a entidade tomasse um novo rumo. A crítica da oposição não era diretamente à entidade, mas sim à estrutura sindical vigente.
A partir de 1974, a sociedade civil brasileira também começa a mover-se no sentido de buscar mais liberdade e participação política. As atrocidades cometidas pela ditadura não impedem o desenrolar da luta por democracia em curso e a rearticulação do movimento sindical, com destaque para a região do ABC paulista.
Retomada do Sindicato - Em 1978, mesmo com dificuldade de organização e com o crescimento do poder do setor financeiro, os bancários respondem à ditadura e entram em greve numa quinta-feira do final de agosto, sob liderança da oposição bancária. No dia seguinte, desencadeia-se a repressão, com a Polícia Federal fechando o Sindicato – onde ficava o comando de greve – e prendendo muitos bancários. Apesar do esvaziamento da paralisação e das prisões, era o começo da retomada protagonizada pela oposição.
No mesmo ano, deveriam ser realizadas eleições. Porém, a manobra da direção junto à DRT (Delegacia Regional do Trabalho) adiou o pleito para o início de 1979. Com isso, a oposição intensificou seu trabalho junto à base. As principais bandeiras eram: luta contra o arrocho salarial, liberdade e autonomia sindicais, liberdades democráticas e construção de uma central única dos trabalhadores, capaz de aglutinar o movimento sindical em todo o país.
Finalmente, em 12 de março de 1979, toma posse a Chapa 2, da oposição. Uma nova fase tem início na história do Sindicato dos Bancários de São Paulo, com uma direção comprometida com o sindicalismo classista que então despontava. Os bancários, a partir de 1979, tornamse protagonistas de alguns dos mais marcantes episódios pelos quais o Brasil passaria.
Tatiana Melim - 8/4/2013
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Com a chegada da oposição ao poder, em 1979, os bancários tornam-se agentes ativos do processo de transformação política pelo qual passaria o Brasil na década seguinte
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