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Pnad mostra desigualdade de renda estável no país

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Série histórica mostra que desde 2004 o Índice de Gini variou de 0,535 para 0,5 aferido em 2013. Número de empregos formais cresceu entre 2012 e 2013, bem como as taxas de ocupação de desocupação
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São Paulo - O índice que mede a desigualdade de renda no Brasil mantém-se estável a dois anos, informou na quinta 18 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad).

O Índice de Gini mede a desigualdade de renda em um país, e, quanto mais próximo de 0 e mais distante de 1, reflete menor desigualdade. Em 2013, ficou em 0,5, depois de ter caído pela primeira vez para 0,499 no ano anterior. De 2011 para 2012, a variação também foi pequena, de 0,501 para 0,499.

A série histórica mostra que desde 2004 o Índice de Gini variou para baixo até 2012, partindo de 0,535. A maior queda foi entre os anos 2007 e 2008, com redução de 0,521 para 0,513. A região brasileira com maior desigualdade em 2013 continuava sendo o Centro-Oeste, com 0,51, ante 0,456 da Região Sul.

A pesquisa mostra, segundo Maria Lucia Vieira, que a pressão sobre o Índice de Gini veio do aumento do rendimento das pessoas mais ricas, que cresceu mais que o das mais pobres. De 2012 para 2013, o crescimento da renda dos 10% mais ricos foi 6,3%, enquanto os 10% mais pobres tiveram um ganho de rendimento de 3,5%.

A renda média dos domicílios entre os 10% mais ricos em 2013 estava em R$ 11.758. Os 10% mais pobres tinham rendimento médio domiciliar de R$ 470 no ano passado.

Dos 65,2 milhões de domicílios brasileiros, 7,589 milhões (11,6%) viviam com rendimento de até um salário mínimo em 2013, e 14,282 milhões (21,9%) de um a dois salários. Na outra ponta do rendimento domiciliar, 1,386 milhão tinha renda de mais de 20 salários mínimos, e 3,595 milhões, de 10 a 20.

Quando a análise se refere às famílias (68,346 milhões), a pesquisa mostra que 4,3 milhões têm renda de um quarto do salário mínimo por pessoa, e, na outra ponta, 3,4 milhões ganham cinco salários mínimos per capita.

O rendimento médio de todos os trabalhadores em 2013 mostrou crescimento de 5,7% na comparação com 2012, subindo de R$ 1.590 para R$ 1.681. O Amazonas foi o estado que teve o maior aumento da renda, 12,8%, atingindo R$ 1.455, enquanto o Acre, Amapá e Espírito Santo tiveram queda no rendimento. O Distrito Federal apresenta o maior rendimento médio, com R$ 3.114, ante R$ 2.083 em São Paulo, o segundo colocado. As menores médias estão em três estados nordestinos: Ceará (R$ 1.019), Piauí (R$ 1.037) e em Alagoas (R$ 1.052).

Carteira de Trabalho - Em 2013, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado cresceu 3,6% em relação a 2012. Eram 36,8 milhões de trabalhadores, 1,3 milhão a mais na comparação com o ano anterior.

Em 2013, dos 60,1 milhões de empregados (com exceção dos trabalhadores domésticos), 80,6% estavam no setor privado. No setor público (19,4%), a maioria eram militares e funcionários públicos estatutários (61%).

O aumento do emprego com carteira de trabalho assinada no setor privado ocorreu em todas as regiões, sendo os maiores acréscimos registrados nas Regiões Nordeste (6,8%) e Sul (5,3%).

A comparação entre 2008 e 2013 mostrou que as Regiões Nordeste e Centro-Oeste apresentaram os maiores percentuais de expansão de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado, 30,1% e 34,5%, respectivamente. Nas Regiões Sudeste e Sul, a proporção de empregados com carteira de trabalho assinada ultrapassou 80%.

O IBGE relevou ainda que de 2012 para 2013, a proporção de trabalhadores com o ensino fundamental incompleto caiu de 27,9% para 25,7% e a de trabalhadores com nível médio incompleto diminuiu de 6,7% para 6,5%.

Em outro sentido, aumentou a proporção dos sem instrução (6,6% para 7%), com fundamental completo (10,3 para 10,5%), com ensino médio completo (30,0% para 30,4%), com superior incompleto (5,2% para 5,4%) e com superior completo (13,1% para 14,2%).

Ocupação e desocupação - O percentual de pessoas que trabalham cresceu 0,6% em 2013, em relação a 2012, enquanto a população desocupada em busca de emprego aumentou 7,2%. Com a alta, a taxa de desocupação aumentou pela primeira vez, desde 2009, de 6,1% para 6,5%.

Em números absolutos, o crescimento da população que trabalha foi maior, apesar da diferença em pontos percentuais, já que, no país, há cerca de 95,3 milhões de pessoas ocupadas e 6,7 milhões de pessoas desocupadas procurando trabalho. O contingente de ocupados cresceu algo em torno de 562 mil pessoas, enquanto o de desocupados, por volta de 450 mil.

"A gente vê que, embora tenha ocorrido um aumento da população ocupada, com mais pessoas trabalhando, houve uma pressão grande no mercado de trabalho de pessoas se inserindo e procurando trabalho, o que fez com que a taxa de desocupação apresentasse um aumento em relação ao ano anterior", disse Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.

À exceção do Norte, em que houve queda de 0,8%, todas as regiões brasileiras apresentaram aumento do contingente de pessoas que trabalham, sendo o maior de 1,2%, no Nordeste. Quase metade do total nacional, o contingente do Sudeste cresceu 0,4%, menos do que o Centro-Oeste (0,5%)  e o Sul (0,9%), única região brasileira em que o total de desocupados procurando trabalho caiu (-2,2%).

No Norte, houve uma elevação do contingente de pessoas sem trabalho em 17,2%, com um acréscimo de cerca de 86 mil. Em números absolutos, a maior alta foi a do Sudeste, com mais 211 mil desocupados, o que correspondeu percentualmente a 7,8%.

A população em idade ativa do Brasil, com mais de 15 anos, foi estimada em 156,6 milhões de pessoas, das quais 102,5 milhões integrantes da população economicamente ativa (65,5%), grupo em que estão incluídos os ocupados e os desocupados procurando trabalho. Os outros 54,1 milhões (34,5%) são a população não economicamente ativa, grupo que não trabalha nem procura emprego. De 2012 para 2013, o total em idade ativa cresceu 1,6%, com um aumento de 2,9% da população não economicamente ativa (PEA) e um de 1% da economicamente ativa (PNEA).

O menor percentual da população economicamente ativa em relação ao total está no Nordeste, onde a taxa de atividade foi estável, entre 2012 e 2013, em 62,7%. No Sul, que possui a maior taxa de atividade, houve uma oscilação de 68,9% para 68,5%. Entre a PEA, o Nordeste também possui a maior taxa de desocupação, que cresceu de 7,6% para 8%. A menor foi a do Sul, com queda de 4,2% para 4%.

Entre as pessoas desocupadas, caiu em um ponto percentual o número de mulheres, que chegou a 56,9%. Os pretos e pardos – como são caracterizados pela Pnad - representavam 60,6% dessa população em 2013, mais do que os 59,9%, em 2012. Cresceu, também, o número de pessoas que estão procurando o primeiro emprego, de 30,5% para 31,3%. A Pnad apurou, ainda, queda no percentual de desocupados que não concluíram o ensino médio, de 53,2% para 50,8%. O mesmo ocorreu entre jovens de 18 a 24 anos que apresentou uma variação de 34,6% para 32,6%.

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Vinícius Lisboa e Flavia Villela, da Agência Brasil, com edição da Redação - 18/9/2014

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