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Brasil e Argentina vão investigar Operação Condor

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Documento encontrado no sítio de militar morto comprova existência de aliança entre ditaduras sul-americanas, até então negada pelos militares
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São Paulo – O Brasil e a Argentina, por meio de suas procuradorias-gerais, assinaram acordo de cooperação internacional para a formação de uma equipe conjunta de investigação com o intuito de apurar os crimes cometidos pelas ditaduras militares em ambos os países. O foco principal é averiguar as ações da Operação Condor, aliança político-militar entre os órgãos de repressão dos regimes militares sul-americanos.

Com sedes no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, a ECI-JT (Equipe Conjunta de Investigação - Justiça de Transição) será integrada por três membros de cada Ministério Público. Documentos das Forças Armadas que estavam em posse do tenente-coronel Paulo Malhães, assassinado em seu sítio no interior no Rio de Janeiro em abril, atestam que a Operação Condor, até então desmentida pelas Forças Armadas e pelo Ministério das Relações Exteriores existiu de fato.

O Ministério Público Federal descobriu dois relatórios sobre a "Operação Gringo" produzidos entre 1978 e 1979 na casa de Malhães. Seu objetivo era investigar as atividades, no Brasil, do grupo esquerdista argentino Montoneros, considerados pelos militares como uma "organização subversiva e terrorista".

Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, Malhães confessou ter ajudado a prender argentinos adeptos de movimentos revolucionários que buscavam refúgio ou que passavam pelo Brasil e relatou a captura de um líder do grupo Montoneros, cujo nome não foi revelado. "Aí o presidente me chamou: 'Malhães, qual foi a cagada (sic) que você fez aí (no Rio de Janeiro)? Sequestrou um argentino importante?'. Eu sequestrei. Eu realmente sequestrei. Mandei de volta para a Argentina", declarou.

Malhães, que confessou ter torturado e matado presos políticos na ditadura morreu em abril após ter seu sítio invadido em Nova Iguaçu (RJ). Três pessoas foram presas acusadas pelo crime. Para a polícia houve um latrocínio: o grupo queria revender as armas que o coronel guardava em casa. A polícia descartou a possibilidade de o crime ter relação com a atuação de Malhães como torturador na ditadura.

Em nota, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, declarou que a descoberta é um marco histórico para revelar os responsáveis por crimes durante a ditadura. Segundo ele, os documentos são a maior prova da existência da Operação Condor e de que a Operação Gringo era um braço internacional.

O Ministério Público descobriu ainda nomes de organizações estrangeiras e brasileiras contrárias ao regime militar.


Redação, com informações do UOL – 2/12/2014
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