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Chapéu
Voz do povo

Até o Papa Francisco é contra as reformas de Temer

Linha fina
Em carta de recusa a convite do governo, representante máximo da Igreja católica afirma estar preocupado com situação dos mais pobres diante de excessiva importância dada ao poder financeiro
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Foto: Mazur / catholicnews.org.uk

São Paulo - Se o Papa fosse brasileiro e estivesse no Brasil no dia 28 de abril, provavelmente iria cruzar os braços contra as reformas da Previdência e trabalhista que o governo Temer tenta passar no Congresso Nacional. Pelo menos é o que deu a entender em sua carta de recusa a convite feito por Temer para visitar o país.
 
"Não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira", afirmou o Papa Francisco, segundo o Portal Terra.
 
São recorrentes os argumentos ameaçadores da propaganda de Temer de que só com essas reformas o país vai voltar a ter uma economia robusta. Pretende, sob essa desculpa, impedir que os trabalhadores de aposentem dignamente ao alterar as regras da Previdência para torná-la praticamente inatingível, e também criar condições totais para que os patrões reduzam a quase nada os direitos trabalhistas.

Apesar das justificativas financeiras, o governo Temer não se mostra interessado em cobrar mais impostos dos mais ricos ou mesmo cobrar dividas bilionárias que grandes empresas têm com a Previdência Social, e beiram o meio trilhão de reais.

> Bancos devem mais de R$ 1,3 bi para a Previdência
> Cartilha Entender e Defender a Previdência Social

Citando sua exortação apostólica A Alegria do Evangelho, o papa Francisco também lembrou que não se pode "confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado".

> Cartilha Em Defesa dos Bancos Públicos
 
CNBB também é contra - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou no final de março uma nota posicionando-se oficialmente contra a reforma na Previdência, opinando que ela seria um caminho para a "exclusão social". No documento, a entidade convoca os cristãos a se mobilizarem sobre o tema.
 
“A previdência não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os direitos sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”, diz o documento.
 
No início de abril, o bispo auxiliar de Brasília e secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, recebeu o presidente da CUT, Vagner Freitas, o diretor nacional da CTB, Paulo Vinícius Santos da Silva, o secretário-geral da Intersindical,  Edson Carneiro (Índio), e o representante do MTST, Vitor Guimarães, para falar das reformas que estão exterminando os direitos trabalhistas da sociedade brasileira.
 
O encontro aconteceu na sede da CNBB e serviu como ponto de partida do diálogo entre as centrais que representam a classe trabalhadora e os movimentos sociais. Para o bispo, “a população precisa ter conhecimento das medidas que estão sendo tomadas pelos três poderes que comprometem as garantias já conquistadas desde a redemocratização”, analisou Dom Leonardo.
 
Na Semana Santa, paróquias, professores de teologia e a própria CNBB começaram a colocar a ideia em prática e aproveitaram o tempo de Quaresma para conscientizar os fiéis católicos.

Reaja - A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembra que é preciso manter a pressão sobre os parlamentares para que eles votem contra as reformas da Previdência e trabalhista. Ela convoca os bancários e demais categorias a enviar e-mails aos deputados dizendo que se votarem a favor não serão reeleitos. Também chama todos a participar da greve geral contra as reforma de Temer, marcada para 28 de abril.

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