São Paulo – De acordo com levantamento da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, empresas devem R$ 426,07 bilhões à Previdência Social. O valor corresponde a quase três vezes o déficit alegado pelo governo Temer para justificar a reforma da Previdência. Somente os cinco maiores bancos do Brasil devem juntos mais de R$ 1,3 bilhão.
Entre os bancos, a Caixa possui a maior dívida, de aproximadamente R$ 550 milhões; seguida pelo Bradesco, com R$ 465 milhões, Banco do Brasil, R$ 208 milhões; Itaú, cerca de R$ 89 milhões; e Santander, R$ 80 milhões.
“É simbólico que, enquanto pretende acabar com a aposentadoria, elevando a idade mínima para 65 anos para todos, homens e mulheres, do campo e da cidade, e colocando a exigência de 49 anos de contribuição para o benefício integral, além de reduzir o valor dos benefícios, o governo Temer ignore uma dívida de centenas de bilhões das empresas com a Previdência. Isso mostra que o governo tem lado, e não é o dos trabalhadores”, critica a diretora do Sindicato e bancária do Itaú Marta Soares.
“Bancos privados, beneficiados pelo desmonte da previdência pública no Brasil com o aumento de demanda por seus planos privados, devem milhões. A reforma proposta por Temer premia devedores e pune trabalhadores, que contribuem em dia”, acrescenta.
Falácia do déficit – Nem mesmo a principal justificativa de Temer e seus aliados na defesa da reforma da Previdência é plausível. De acordo com o economista e professor da Unicamp, Eduardo Fagnani, se respeitada a Constituição de 1988, que estabeleceu o modelo de contribuição tripartite (trabalhadores, empresários e governo), a seguridade social no Brasil seria superavitária.
“A Previdência é financiada pelos trabalhadores, empresários e Estado. Mas desde 1989, os governos não contabilizam a parte do governo. A Seguridade Social [composta por Previdência, Assistência Social e Saúde] é superavitária, mas os recursos são desviados. De onde vem o déficit? Vem de uma contabilidade inconstitucional que não leva em conta a contribuição do Estado”, esclarece o economista.
Greve geral - Para Marta, é fundamental que bancários se mobilizem na greve geral do dia 28 para barrar a reforma da Previdência e outros retrocessos pretendidos pelo governo Temer.
“A greve geral será uma grande demonstração de força dos trabalhadores contra as reformas da Previdência, trabalhista, a terceirização ilimitada. Todas essas medidas defendidas por Temer visam retirar direitos. Os bancários, juntos com as demais categorias, estarão nas ruas por nenhum direito a menos”, conclama a diretora do Sindicato.