São Paulo – O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 2,5 bilhões no 1º trimestre de 2017, variação positiva de 95,6% se comparado com o mesmo período do ano passado. Já o lucro líquido contábil, que considera efeitos extraordinários, ficou em R$ 2,443 bilhões, crescimento de 3,6% em relação aos três primeiros meses de 2016. A diferença na variação positiva se dá porque, em 2016, o BB reverteu provisão para eventuais perdas com empréstimos, além de outros itens, o que influenciou o resultado do banco no primeiro trimestre do ano passado.
Segundo o próprio banco, o balanço do primeiro trimestre foi impactado positivamente pelo aumento de receitas com tarifas, que teve elevação de 10,5%, e pela redução de 5% na PDD (Provisão para Devedores Duvidosos). Além disso, nota-se também que o resultado com Títulos e Valores Imobiliários teve expressivo crescimento, de 29% em um ano, alcançando R$ 14,880 bilhões. Já as despesas com pessoal caíram 2,1%.
“É simbólico que um dos principais fatores que impactaram positivamente no lucro do BB seja justamente o aumento de receitas com tarifas, o encarecimento dos seus serviços à população. Isso ocorre ao mesmo tempo em que a gestão Cafarelli reduz drasticamente o quadro de funcionários e fecha centenas de agências, sobrecarregando bancários e precarizando o atendimento. Ou seja, o cliente está pagando mais caro por um serviço pior. Não é por acaso que o BB lidera o ranking de queixas ao Banco Central no trimestre”, critica a dirigente do Sindicato e bancária do Banco do Brasil Silvia Muto.
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No período de um ano, o BB reduziu 9.900 postos de trabalho. Desses, 658 foram cortados no 1º trimestre deste ano. A redução se deve ao Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI), lançado em novembro de 2016 no âmbito da reestruturação imposta pela gestão Cafarelli, sob ordens do governo Temer. No mesmo período, foram fechadas 551 agências.
Por outro lado, segundo dados do próprio banco, a base de clientes aumentou em 1,354 milhão. No 1º trimestre de 2016 cada bancário de agência atendia em média 439 contas correntes, enquanto que neste ano esse número cresceu para 554 contas correntes por trabalhador, aumento de 115 contas em doze meses.
“Menos funcionários, menos agências e mais clientes. Os resultados deste tipo de gestão são bancários cada vez mais sobrecarregados e clientes insatisfeitos. Isso justo no ano classificado pela direção do banco como o `ano do atendimento´”, destaca Silvia.
Somente com o que arrecada com tarifas, o BB cobre em 115% suas despesas com pessoal, relação que cresceu 13,5 pontos percentuais em doze meses.
Outros números – Apesar do bom resultado do BB no 1º trimestre, a carteira de crédito ampliada apresentou redução de 11,4% em doze meses. A maior queda foi registrada na carteira de crédito PJ (-19,4%). A carteira PF também retraiu (- 1,4%). Já a carteira de agronegócios do BB, que responde por 58,4% dos financiamentos do setor, cresceu apenas 0,6% em doze meses.
“A queda na carteira de crédito mostra que o resultado positivo do BB não advém de uma gestão competente, que aumentou a eficiência das operações do banco, e sim do desmonte da instituição com o fechamento de agências e a redução de custos com pessoal, sobrecarregando bancários, precarizando o atendimento e penalizando a população com o aumento de tarifas. Este é um preço muito alto a ser pago”, conclui a dirigente do Sindicato.