São Paulo – O Banco do Brasil foi o mais reclamado por clientes no primeiro trimestre de 2017. De acordo com levantamento do Banco Central, divulgado na sexta-feira 8, a instituição pública recebeu 1.536 reclamações consideradas procedentes, o que resultou no índice 25,84.
“O grande número de reclamações de clientes ao Banco Central é resultado do modelo de gestão imposto por Cafarelli [presidente do banco]. Uma reestruturação absurda, que fecha centenas de agências e corta milhares de postos de trabalho bancário, somada à imposição para que clientes utilizem os meios de atendimento digitais, só poderia resultar na precarização do atendimento à população”, critica o diretor do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil João Fukunaga.
No final de 2016, o BB anunciou seu plano de reestruturação, com o fechamento de cerca de 400 agências e a conversão de outras 400 em postos de atendimento bancário. Além disso, o banco público reduziu seu quadro de funcionários em 10 mil bancários, que aderiram ao Programa Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI).
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“A reestruturação é, na verdade, um grande desmonte do BB e do seu importante papel como banco público para o desenvolvimento do país. Uma agência a menos significa menos locais de atendimento à população e também sobrecarga muito maior para os bancários, já que as unidades que permanecem abertas passam a atender o fluxo de clientes das que foram fechadas”, avalia Fukunaga, reforçando também que a sobrecarga de trabalho em agências super lotadas e a cobrança de metas abusivas pela direção do banco geram reclamações e penalizam os funcionários
As reclamações mais frequentes de clientes do BB foram: débito em conta de depósito não autorizado pelo cliente (324); oferta ou prestação de informação a respeito de produtos e serviços de forma inadequada (185); e irregularidades relativas à integridade, confiabilidade, segurança, sigilo ou legitimidade das operações e serviços (171).
“A má gestão por parte da direção do banco, por meio de uma estratégia geral equivocada, leva à penalização dos funcionários quando cometem erros por conta da sobrecarga de trabalho, gerando processos administrativos e descomissionamentos. Não podemos admitir isso. O banco fecha agências, leva a sobrecarga e adoecimento dos bancários e, ao mesmo tempo, aumenta a cobrança por metas, principalmente depois da mudança da GDP (Gestão de Desempenho por Competências). Por isso, orientamos que os bancários tenham cuidado na sua rotina com a sangria para bater metas”, alerta o diretor do Sindicato.
O bancário que se sentir prejudicado pelo o aumento da sobrecarga de trabalho, ou com a cobrança abusiva por metas, deve denunciar ao Sindicato por meio dos dirigentes, pelo 3188-5200 ou via WhatsApp da entidade (97593-7749).
Outros bancos – Completam o incômodo pódio de reclamações o Bradesco (2.379 reclamações procedentes e índice 25,82) e a Caixa (2.068 reclamações procedentes e índice 24,61). Em quarto lugar aparece o Santander (821 reclamações procedentes e índice 21,87) e em quinto o Itaú (1.279 reclamações procedentes e índice 18,66).
Ranking do BC – O ranking do Banco Central é elaborado com base em um índice que considera o número de reclamações procedentes dividido pelo número de clientes, multiplicado por um milhão. Essa foi a primeira vez que o BC divulgou o ranking com base trimestral. Até junho de 2016, a pesquisa era mensal. Depois passou a ser bimestral.
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