Brasília – O #OcupaBrasília, nesta quarta 24, reuniu mais de 200 mil manifestantes, superando a meta de 100 mil dos organizadores da mobilização. Trabalhadores do campo e da cidade e movimentos sociais iniciaram o protesto com marcha que saiu do estádio Mané Garrincha em direção à Esplanada dos Ministérios. Apesar de pacífica, quando o início da marcha chegou próximo ao Congresso Nacional foi recebida com bombas de efeito moral e balas de borracha pela Polícia Militar do Distrito Federal e pela Força Nacional. Segundo imagens da Rede Globo, há suspeitas inclusive do uso de arma de fogo por policiais.
“A PM está reprimindo os trabalhadores, atacando os trabalhadores em uma marcha pacifica. Nossas únicas armas são nossa unidade, nossa fala, nossa voz. Nós não podemos permitir isso. E vamos continuar lutando pela saída desse governo golpista”, disse a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, que participou do ato ao lado de outros dirigentes sindicais bancários.
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A repressão ao movimento, que começou pacífico e mudou de rumo após a agressão policial, foi defendida pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, inclusive com decreto assinado por Temer de intervenção das Forças Armadas em Brasília, até o dia 31 de maio, numa trágica volta ao passado. “O senhor presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável baderna, inaceitável o descontrole e que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar o processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições”, afirmou, sem explicar de que respeito ou democracia falava, diante de um governo tomado por denúncias de corrupção e violação às leis.
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“Os trabalhadores faziam uma passeata pacífica, havia crianças, mulheres, idosos... e provavelmente tinha pessoas infiltradas. O governo está se aproveitando disso, já que está em cheque, e quer criar um estado de sitio, de exceção”, criticou Juvandia.
A dirigente refroçou os motivos da manifestação, contra as reformas da Previdência, a trabalhista, pela saída de Temer e convocação de eleições diretas já. “Não podemos aceitar que retirem direitos dos trabalhadores, direitos do povo brasileiro para favorecer mais ainda uma minoria rica. Querem acabar com a aposentadoria para que os bancos lucrem vendendo aposentadoria privada. Querem tirar da classe trabalhadora para favorecer interesses de organizações patronais como CNI [Confedereção Nacional da Indústria], CNT [Confederação Nacional dos Transportes], Fenaban [Federação Nacional dos Bancos]”, destacou.
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“É por isso que estamos aqui, a CUT [Central Única dos Trabalhadores] e todas as demais centrais, trabalhadores do campo e da cidade, do setor público e do setor privado e movimentos sociais. Para lutar pelo Fora Temer, por Diretas Já e para impedir essas reformas que retiram nossos direitos. E temos de continuar lutando para derrubar esse golpista e para retomar a democracia no país”, acrescentou.
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O ator Osmar Prado, que também participou da marcha, declarou: “Estamos vivendo um regime de exceção. Desde que retiraram, com um golpe, uma presidenta que tinha sido eleita de forma legítima”.
Ao final do ato, o presidente da CUT, Vagner Freitas, parabenizou a militância da central e os demais participantes da manifestação pela “maior marcha” que já ocorreu em Brasília. “Viemos enfrentar aqui esses golpistas. Se eles não conseguem completar o golpe, com a aprovação das reformas, é por causa da nossa resistência.” Vagner também lembrou da greve geral histórica do dia 28 de abril e anunciou uma nova greve geral no país, em data a ser definida. “Vai ser maior do que a do dia 28”.