A segunda rodada de negociação da Campanha 2018, realizada na quinta-feira 12, definiu o calendário das próximas mesas. A terceira rodada será dia 19 de julho e debaterá saúde e condições de trabalho, as próximas serão em 25 de julho, sobre emprego, e no dia 1º de agosto serão discutidas as cláusulas econômicas.
Apesar de estabelecido o calendário de negociações, a Fenaban não assinou o pré-acordo para garantir a validade da CCT após 31 de agosto. Um dos pontos nocivos da reforma trabalhista de Temer (lei 13.467/2017) foi o fim da ultratividade, princípio que garantia a validade de um acordo coletivo até a assinatura de outro.
“É importante a categoria continuar mobilizada na defesa de seus direitos, e participar das atividades que o Sindicato tem chamado. Com o fim da ultratividade, nossos direitos estão em risco após 31 de agosto, que é o prazo de validade da nossa CCT”, destaca a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban.
> Fim da ultratividade ameaça CCT
A dirigente destaca ainda a importância do tema da próxima mesa. “Saúde é um tema fundamental para os trabalhadores do setor financeiro. Na consulta à categoria, realizada em todo o país, saúde ficou em terceiro lugar dentre as prioridades apontadas. Os bancários são uma das categorias que mais adoece, física e psicologicamente, e isso é resultado direto da gestão dos bancos, que precisa ser debatida na mesa de negociação.”
“Esperamos que a Fenaban realmente traga propostas concretas nestas negociaçoes, porque a categoria já entregou a sua pauta no mês de junho, com bastante antecedencia. Após as três negociações esperamos já ter uma proposta final”, ressalta Ivone.
A Fenaban se comprometeu a assinar um pré-acordo de ultratividade caso as negociações não avancem.
A presidenta do Sindicato afirma que os trabalhadores precisam se manter atentos às negociações. “A categoria deve acompanhar os passos da Campanha. Muitas vezes os bancários são vítimas de boatos, por isso é importante que eles se informem pelos nossos veículos de comunicação. E devem continuar mobilizados”, reforça Ivone.
As coordenadoras do Comando, Ivone Silva e Juvandia Moreira (presidenta da Contraf-CUT) comentam a mesa de quinta 12:
Bancos podem atender às reivindicações
As prioridades da categoria nessa Campanha são garantir que a CCT continue válida para todos os bancários, independentemente da remuneração do trabalhador. Um dos pontos nocivos da nova lei trabalhista é a figura do empregado hipersuficiente: quem ganha a partir de duas vezes o teto do INSS (hoje em R$ 11.291) poderia estabelecer acordos direto com o patrão e não estaria resguardado pela CCT. Os bancários querem estabelecer, ainda, cláusulas na CCT que os resguardem de outras ameaças previstas na lei 13.467, como contrato temporário e terceirização. Querem também garantia de empregos e aumento real. A defesa dos bancos públicos é outra prioridade da Campanha 2018, que defenderá ainda a democracia e a importância de se eleger candidatos comprometidos com a revogação das medidas de Temer, como a reforma trabalhista.
> Primeira mesa de negociação da Caixa será dia 13 de julho
> BB mostra disposição para negociar com funcionários
Ivone Silva ressalta que os bancos, com lucros sempre crescentes, podem atender às reivindicações da categoria. “O setor bancário tem lucros cada vez mais altos mesmo na crise financeira pela qual passa o país.”
Em 2017, os cinco maiores bancos [Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa] lucraram, juntos, R$ 77,4 bilhões, um crescimento de 33,5% em relação ao resultado que tiveram em 2016. E só nos primeiros três meses deste ano, os mesmos cinco já atingiram R$ 20,6 bilhões em lucro, aumento de 20,4% em relação ao mesmo período de 2017.