O aumento de crimes de ódio e assassinatos de homossexuais e transgêneros é preocupante. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) – único que há quase 40 anos faz relatórios e acompanha os casos de homofobia por intermédio de notícias e relatos de grupos específicos na internet –, o número de mortes subiu 30%, passando de 343 para 445, entre 2016 e 2017. Dos dados contabilizados, 194 eram gays, 191 eram pessoas trans, 43 lésbicas e cinco bissexuais.
Em 136 episódios, os agressores usaram armas de fogo; em 111, armas brancas, 58 foram suicídios, 32 ocorreram após espancamento e 22 foram mortos por asfixia. Há ainda registro de violências como apedrejamento, degolamento e desfiguração do rosto. Menos de 10% das ocorrências resultaram em abertura de processo e punição dos assassinos.
Essa triste realidade leva a um importante debate e pede reflexão no 17 de maio, Dia Internacional de Luta contra a Homofobia. A data lembra a retirada do termo homofobia da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 17 de maio de 1990. No Brasil, a data foi oficialmente instituída somente em 4 de junho de 2010.
“Não temos nada a comemorar, esses números mostram a trágica realidade da comunidade LGBTI. Ao invés de diminuir, os crimes de ódio só aumentam, e isso é reflexo do aprofundamento dos ataques aos direitos sociais, da ascensão do conservadorismo em consonância com machismo, racismo, xenofobia e outras formas de intolerância”, afirma o integrante do coletivo LGBT do Sindicato e dirigente sindical, Anderson Pirota, destacando o aumento significativo de 6% nos óbitos de pessoas trans.
Ainda segundo os dados do GGB, os estados que notificaram maior número de homicídios e suicídios de LGBTI, em 2017, em termos absolutos foram São Paulo, com 59 vítimas, Minas Gerais, com 43, Bahia, com 35, e Ceará, com 30.
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“Temos de cobrar dos nossos governantes, políticas públicas e para que os autores desses crimes sejam de fato punidos. Nós que sofremos discriminação somos tratados com descaso como se não existíssimos e não tivéssemos direitos”, ressalta Pirota.
Categoria Bancária
Apesar dos tristes números e do retrocesso, o dirigente sindical lembra que a categoria bancária, desde 2009, assegura direitos iguais para o parceiro homoafetivo na cláusula 50ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), a exemplo do convênio médico.
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“Essas conquistas são fruto da mobilização e da coragem dos bancários LGBTI. É papel de todo o trabalhador zelar por essas conquistas e defender a democracia. Porque sem democracia não há direitos, e sem direitos não há respeito à vida”, conclui.
Sindicato apoia luta
No domingo 27 de maio, o Sindicato apoiará um ato LGBTI pela democracia e pelo direito de viver. Será no Largo do Arouche, a partir das 14h, com diversas atrações musicais.