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Chapéu
Itaú

É pra vender ou pra tornar a vida um inferno?

Linha fina
Bancários sofrem com SQV, programa de controle de metas absurdas, incompreensível para o trabalhador; Sindicato cobra reunião sobre o tema, mas não é atendido
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Imagem: Freepik

Vender, vender, vender. Não se trata da tarefa em nenhuma loja de shopping ou comércio de rua, mas da função primordial dos bancários do Itaú. Essa rotina, com metas absurdas e punição, transforma a vida do empregado do Itaú num inferno. E só piora!

Há mais ou menos um ano o banco implementou o SQV, um sistema de qualidade de vendas por meio do qual o funcionário é avaliado em sete indicadores: nível de cancelamento de produtos; cancelamento de produto seguido de nova contratação; reclamações; ações cíveis; concentração de vendas no mesmo CPF; ressarcimentos e cancelamento de crédito.

A cada uma dessas “falhas”, o empregado recebe uma pontuação que se acumula e só expira quando completa um ano. Os relatórios das pontuações são gerados em relação a dois meses anteriores ao mês atual. Quando atingem a pontuação máxima, os bancários recebem uma advertência que tem durabilidade de um ano.

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“Isso é um tormento para os bancários porque todos sabem como os bancos trabalham: após a segunda advertência, pé na bunda do empregado, o que entendemos ser uma tremenda injustiça”, afirma Maikon Azzi, diretor do Sindicato.

“Com metas inatingíveis e cada vez mais abusivas, é pratica do Itaú usar as advertências para demitir por justa causa. Na maioria das vezes, a própria pressão leva o trabalhador ao erro por medo de perder o emprego!”, denuncia o dirigente.

Punição sem nem saber por quê

O Itaú prega que “o cliente sempre tem razão”. Assim, tem o direito de cancelar ou contratar a qualquer momento o produto que lhe for conveniente. “Mas isso não deveria provocar nenhuma penalização ao trabalhador”, critica Maikon.

“O pior é que não se sabe nem como são apuradas as pontuações, qual área entra em contato com o cliente para fazer o pós-venda dos produtos, Não há nenhum retorno aos funcionários pontuados no SQV, quando têm ciência já é com a advertência em mãos para assinar. O bancário não tem nenhuma chance de defesa. E como na maioria das vezes são acuados, não veem saída e acabam assinando o documento, com medo de sofrer represálias mais severas.”

Maikon lembra que há anos o Sindicato tenta negociar os programas próprios do Itaú, a fim de diminuir as metas, e que elas sejam claras e alcançáveis. “Mas o banco se nega. Enquanto isso, o que vemos é o trabalhador sofrendo cada vez mais, chegando na maioria das vezes ao adoecimento. Um absurdo do ponto de vista humano e uma burrice do ponto de vista do mercado, já que trabalhadores experientes tornam-se inúteis também para a empresa”, destaca. “Desde a implementação do SQV cobramos do banco uma apresentação explanando quais os benefícios que trazem aos trabalhadores, mas até o momento o Itaú finge não entender nossas solicitações.”

O diretor do Sindicato lamenta a forma como os bancários estão sendo tratados pelo banco. “Não aceitamos isso e vamos continuar protestando. A prática do Itaú, de penalizar seus empregados, é antiga e piora cada vez mais. Antes o trabalhador sofria represália se tivesse produtos cancelados em até quatro meses, mas o Itaú com o “Nosso Jeito de Ser” consegue pisotear e prejudicar ainda mais seus empregados!”

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