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Segue o drama dos descomissionados da Dirao

Linha fina
Funcionários do setor, no BB, perderam suas funções após reestruturação e terão redução de 60% nos salários a partir de março, quando termina o “esmolão”
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São Paulo – Continua o sofrimento dos trabalhadores descomissionados na reestruturação da Diretoria de Reestruturação de Ativos Operacionais do Banco do Brasil (Dirao). Há denúncias de casos em vários estados. Somente em São Paulo, seis gerentes foram prejudicados.

Esses funcionários vão perder 60% de seus salários a partir de março, quando termina o chamado “esmolão”, apelido dado pelos funcionários do BB ao Valor em Caráter Pessoal, que o banco paga quando um comissionado volta a ser escriturário. O pagamento corresponde a quatro meses de salário no caso de reestruturações e reduções no número de funcionários.

De acordo com o dirigente sindical Ernesto Izumi, faltaram transparência, critérios e ética no processo de reestruturação. “Nada contra os colegas promovidos, mas a nomeação de algumas pessoas para cargos de gerência sem a apresentação de certificações exigidas e a utilização de uma reestruturação para se desfazer de desafetos, que não tinham avaliações negativas, abre um precedente perigoso para os funcionários”, avalia.

Protestos – Dirigentes do Sindicato discutiram a questão com o BB e realizaram protestos quando a Dirao não cumpriu os compromissos de manter as funções de todos os funcionários após a reestruturação.  

O Sindicato realizou, ainda, nova reunião com a Gestão de Pessoas (Gepes) no dia 14 cobrando responsabilidade do banco e a realocação em outras funções dos trabalhadores descomissionados.

Injustiça e discriminação – Para Ernesto, a reestruturação foi injusta. “Esses seis funcionários que não foram reaproveitados são experientes, com boas avaliações, com bom currículo, e podem ser utilizados. A responsabilidade dos problemas no processo é da Dirao, e a realocação é responsabilidade de todo o banco”, acusa o dirigente.

Ernesto aponta ainda discriminação no processo. “Quando há descomissionamento, a primeira coisa que os selecionadores perguntam é se o trabalhador ficou doente, e não é esse o caso. A segunda é se há algum problema de comportamento, o que também não ocorre.”

Dos seis funcionários descomissionados na reestruturação, dois se viram obrigados a entrar com ações trabalhistas por não verem alternativa contra a redução salarial. Esses bancários também exerciam funções há mais de 10 anos. Conforme a súmula 372 do TST, não se pode descomissionar sem justa causa alguém que tenha trabalhado esse período de tempo.

“Mas há aqueles que persistem e estão buscando recolocação e não querem ingressar com ação. Se o banco não os ajudar, quem responderá pelo prejuízo da empresa pública e pela desconstrução de carreiras?” questiona o diretor executivo do sindicato Ernesto Izumi.


Rodolfo Wrolli – 22/1/2014

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