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Santander “brinca com fogo” e gera insegurança

Linha fina
Falhas nos treinamentos de abandono de prédio são preocupantes e Sindicato exige mais organização
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São Paulo – Em agosto de 2011 o Sindicato publicou em edição especial Cipa do jornal específico dos funcionários do Santander matéria sobre a instituição financeira nunca ter realizado no SP1, SP2 e na maioria dos centros administrativos treinamento para abandono de prédios e combate a incêndios.

De lá pra cá, os trabalhadores conquistaram avanços, através da autuação do Sindicato e dos cipeiros, mas ainda correm riscos. “Após nossa denúncia, o banco passou a realizar os treinamentos, mas ainda de forma irregular. Falta seriedade e compromisso com este exercício que tem o objetivo de proteger a vida das pessoas” afirma Carmem Meireles, funcionária no Santander e diretora do Sindicato.

Segundo a dirigente sindical existem problemas graves nos treinamentos dos centros administrativos (Casa 1, 2 e 3), SP1 e SP2, na Torre e no prédio da Bráulio Gomes. Um deles é a periodicidade e, principalmente, a forma e planejamento na execução. Outro é que durante as simulações somente parte dos funcionários são autorizados a saír do prédio. Segundo a instrução técnica 16/2011 do Corpo de Bombeiros, o plano de abandono tem de ser semestral e com a participação de todos os funcionários.

“O abandono pode evitar tragédias e o treinamento deve ser levado a sério. Felizmente, em nenhum desses locais os funcionários enfrentaram situações extremas. No entanto, se as normas de treinamento não forem cumpridas, o abandono, quando for necessário, pode se transformar em tragédia”, ressalta Carmem.

Brincando com fogo - Em denúncia ao Sindicato, um bancário conta que no último treinamento de abandono de prédio, no SP1, nem 5% dos funcionários do prédio participaram. No SP 2, somente 30%. “Entendemos que nestes locais funcionam um serviço de call center importante para o banco. Mas não é mais importante que a vida desses trabalhadores. Não prevenir custa muito mais caro. O Santander está brincando com fogo, com a segurança das pessoas”, diz a dirigente sindical.

O SP1 funciona 8.760 horas no ano, mas o Santander não dedica nem uma delas para que todos os funcionários do prédio possam participar. “É necessário criar a cultura do cuidado com a vida, com o próximo. Olhar somente para os resultados e lucro da empresa resulta em negligências e riscos para as pessoas. A gente já viu isto acontecer”, ressalta a dirigente.

Na Torre Santander o treinamento não era feito desde 2010. Somente após denúncia do Sindicato o plano foi realizado. Mas em novembro, dirigentes sindicais detectaram falhas na prática. A brigada não foi bem orientada, o processo foi lento, os elevadores funcionaram normalmente enquanto a evacuação do prédio deveria ser feita pelas escadas de emergência, e as pessoas com deficiência visual ou auditiva também não foram orientadas corretamente. A chegada dos bombeiros ocorreu quando a maioria dos funcionários já estava dentro do prédio, de volta a seus postos de trabalho. “Queremos a prática regular dos treinamentos para que os funcionários saibam como agir num momento de emergências e estejam seguros”, diz Carmem.

Falta organização – Outro problema enfrentado por cipeiros e funcionários é a falta de organização para a realização dos treinamentos. “Não existe cronograma com datas. E o principal: falta a participação dos cipeiros na preparação destes exercícios. Essa é uma das nossas reivindicações. Exigimos que o banco apresente o cronograma ainda em fevereiro e envolva cipeiros e brigadistas desde o planejamento até a avaliação final”, reivindica.


Gisele Coutinho – 8/2/2013

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