Pular para o conteúdo principal

ONU fala em 1,6 bilhão sem acesso à água

Linha fina
Neste ano, organização associa a melhoria da utilização dos recursos hídricos na agricultura como forma de brecar a crescente falta de acesso à água
Imagem Destaque

São Paulo - No Dia Mundial da Água - 22 de março - um dado divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) lembrou o tamanho do desafio do mundo em relação à disponibilidade do recurso: atualmente, há nada menos do que 1,6 bilhão de pessoas vivendo em países ou regiões com escassez absoluta.

O número corresponde a aproximadamente oito vezes a população do Brasil e a quase 25% dos 7 bilhões de habitantes do planeta.  E, em pouco mais de dez anos, prevê-se que dois terços da população mundial poderá viver em condições de ‘estresse’ hídrico.

Uma das principais razões para isso é a necessidade da utilização de água para produção de alimentos. Em média um ser-humano bebe de 2 a 4 litros por dia, mas são necessários de 2 mil a 5 mil litros para produzir a alimentação diária de uma pessoa. A agricultura é responsável por 70% do uso de toda a água doce e subterrânea em todo o planeta.

A associação entre água e agricultura levou a ONU a destacar a FAO como agência principal para as comemorações deste ano.

"A agricultura é de longe a maior usuária de água potável. Se não formos capazes de usar a água com sabedoria na agricultura, falharemos em acabar com a fome e vamos abrir a porta para uma série de outros males, incluindo a seca, a fome e a instabilidade política", disse o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, em sua mensagem especial para a data.

Para o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, o desafio da agricultura é "ser capaz de produzir os alimentos de que o mundo precisa enquanto utiliza a água de forma mais inteligente, bem como uma mudança na nossa forma de comer, reduzindo as perdas, desperdícios e promovendo dietas saudáveis". Para isso, ainda segundo Graziano, "é necessário investir nas pessoas, em infraestrutura e na educação e sensibilização, além de incentivos para que os pequenos agricultores adotem melhores práticas – e reforçar a sua capacidade de melhorar a sua produtividade".

O brasileiro reforça a necessidade do consumo sustentável, citando estimativas da FAO de que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos e que a redução de 50% nas perdas pouparia 1.350 km³ de água por ano, valor equivalente a quatro anos de chuva na Espanha.

Rio+20 - Ban Ki-moon lembrou também que a mudança climática agrava o risco e imprevisibilidade para agricultores, especialmente para os pobres em países de baixa renda, os mais vulneráveis e menos capazes de se adaptar. O secretário-geral da ONU convocou ainda as lideranças mundiais para a tomada de ações concretas contra a ameaça, que, segundo a mensagem, também a estabilidade "local, nacional e global". Para tal, pede transferência de tecnologias, capacitação de pequenos produtores, investimento em infraestrutura de água, desenvolvimento rural e gestão de recursos.

"Insto todos os parceiros a utilizarem plenamente a oportunidade proporcionada pela Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). No Rio, temos que ligar os pontos entre a segurança da água e segurança alimentar e nutricional no contexto de uma economia verde. A água vai desempenhar um papel central na criação do futuro que queremos", finaliza. A Rio+20 está marcada para junho deste ano.

Leia mais
> A íntegra da mensagem de Ban Ki-moon (em português)


Redação, com informações da Agência Brasil - 22/3/2012

seja socio