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Trabalhadores discutem Banco Postal com o BB

Linha fina
Comissão de Empresa dos funcionários criticou aumento das metas sem contratação de mais bancários
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São Paulo – “Sou responsável por cinco agências do Banco Postal. Tenho que dar suporte em quatro cidades diferentes, duas delas com estrada de terra batida que no inverno fica intransitável. Tenho que orientar os funcionários dos Correios quanto à abertura de conta corrente, depois tenho que, juntamente com outro comissionado, dar conformidade nas contas abertas com grande pressão da superintendência para o número de aberturas. É isso mesmo, nós somos cobrados pelo numero X de contas abertas pelo Banco Postal. A empresa impôs mais essas metas e está achando uma maravilha, pois é mais trabalho pelo mesmo custo. O que podemos fazer para combater essa injustiça contra nós, bancários, que já somos tão massacrados com metas abusivas?”

O relato indignado enviado ao Sindicato por um funcionário do Banco do Brasil dá a medida dos problemas que os bancários vêm enfrentando desde que a instituição financeira assumiu, em janeiro deste ano, a rede dos Correios com mais de 6 mil agências no país.

> Banco do Brasil assume Banco Postal

O aumento das metas em decorrência do Banco Postal foi discutido pelos representantes dos trabalhadores com a direção do BB, em reunião na terça 20, em Brasília. “O banco não pode aumentar o volume de trabalho sem reajustar salários ou promover mais contratações”, critica o diretor do Sindicato e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, Cláudio Luiz.

Ele também argumenta que o Banco Postal faz parte da estratégia do BB para cumprir a meta de bancarização do governo, assim como os investimentos em correspondentes. “Defendemos que a inclusão da população seja feita com a abertura de agências e postos de atendimento bancário, e com atendimento feito por bancários. Quando investe em correspondentes ou nas unidades do Banco Postal, o BB não está bancarizando mas, sim, promovendo a precarização do trabalho”, diz.

Além de criticar o aumento das metas sem a contratação de mais funcionários, os trabalhadores cobraram que o banco reveja as atividades do Postal incluídas nas metas de pontuação do novo Sinergia BB, já que muitos locais não têm estrutura para receber a demanda.

O Banco do Brasil informou que até abril vai evitar mudanças significativas das ações atuais em relação ao Banco Postal, por se tratar do período de transição. Antes de o BB vencer o leilão, em maio de 2011, as unidades do Banco Postal eram administradas pelo Bradesco.

Jornada de seis horas – Os representantes dos trabalhadores voltaram a pressionar pelo cumprimento da jornada de seis horas sem redução de salários, mas a direção do banco não apresentou nenhuma proposta. "Vamos continuar cobrando do banco que valorize seus funcionários, e a jornada de seis horas é fundamental”, ressalta Cláudio Luiz.

Cassi – Outro ponto discutido foi a adequação dos procedimentos da Caixa de Assistência (Cassi) à nova regulamentação prevista pela Resolução Normativa 254 da ANS (Agência Nacional de Saúde). Os representantes do BB disseram que o banco vai aguardar resultado da ação impetrada pela Unidas – entidade que congrega todos os planos de saúde de autogestão –, que questiona a legalidade da norma.

> Cassi deve aderir à Resolução 254 da ANS

Pavas – Os trabalhadores também reivindicaram ajustes no Programa de Assistência às Vítimas de Assaltos e Sequestros (Pavas). Eles querem a emissão de CAT para todos os bancários que passaram por esse tipo de situação, além de melhoria na estrutura da Cassi, Gepes e CSL para atendimento adequado às vítimas e com número de funcionários suficientes.

Os trabalhadores também cobraram do banco que não penalize agências vitimadas por assaltos e sequestros no programa Sinergia. Além do drama vivido pelos bancários, a unidade ainda sofre perdas de pontuação no programa de metas.

PCR e VCPI - Os representantes da Comissão de Empresa sugeriram negociação específica para tratar do Plano de Carreira e Remuneração (PCR). Há pendências como a inclusão de caixas e escriturários na carreira de mérito.

Quanto à reivindicação do movimento sindical para desmembramento da VCPI, que mistura verbas relativas a salários com pessoais dos funcionários egressos de bancos incorporados, o BB informou que ainda aguarda o retorno da Dipes - Diretoria de Gestão de Pessoas -, responsável pela folha de pagamento.

Dia de Luta - A Comissão de Empresa indicou 28 de março para novo dia nacional de lutas. “Os trabalhadores devem participar para pressionar a diretoria do BB a apresentar soluções para nossas reivindicações”, convidou Cláudio Luiz.


Redação, com informações da Contraf-CUT - 21/3/2012

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