São Paulo – Na apresentação do balanço de 2016 da Caixa, na qual o presidente Gilberto Occhi anunciou o fechamento de 100 a 120 agências até o fim do processo de reestruturação, representantes do Sindicato e Apcef-SP reivindicaram que o banco continue 100% público para o crescimento do país, mais transparência com os trabalhadores e o fim do descomissionamento arbitrário.
A Caixa teve lucro líquido recorrente de R$ 4,967 bilhões em 2016, o que representa uma queda de 2,98% em doze meses. O dado, incluído no balanço do banco divulgado na terça-feira 28, não considera efeitos extraordinários como créditos tributários, que acrescentaram ao resultado de 2015 R$ 2,38 bilhões e, em 2016, o reduziram em R$ 298 milhões. Se considerados os efeitos extraordinários, a Caixa teve lucro líquido contábil de R$ 4,1 bilhões, uma expressiva queda de 41,8% em 12 meses.
“O resultado da Caixa em 2016 é reflexo de uma gestão que pretende esvaziar o papel social do banco como instituição pública, como ferramenta fundamental para o desenvolvimento do país. Também cabe questionar como foi feita a projeção de lucro para o ano passado, de R$ 6,7 bilhões. O banco não previa a desaceleração da economia?”, questiona o diretor do Sindicato e empregado da Caixa Dionísio Reis. “Em um momento no qual empregados estão se sacrificando para atender o aumento de demanda decorrente dos saques do FGTS, o lucro menor causa uma grande preocupação em relação ao impacto na PLR”, acrescenta.
“O presidente da Caixa afirmou que a segunda parcela da PLR será creditada até o dia 30. Nossa cobrança é que seja considerado o lucro líquido recorrente para cálculo da mesma, e não o lucro contábil, atenuando o impacto negativo para os trabalhadores, que não são responsáveis pelo resultado abaixo do projetado pelo banco para 2016”, enfatiza Dionísio.
Políticas públicas – Na execução de políticas públicas, em 2016 a Caixa efetuou o pagamento de R$ 28,3 bilhões em benefícios sociais e R$242,1 bilhões em direitos aos trabalhadores. O Bolsa Família repassou R$ 27,4 bilhões no período, e o Minha Casa Minha Vida contratou R$ 41,4 bilhões.
“É simbólico que dos R$ 41,4 bilhões contratados para o Minha Casa Minha Vida, apenas 9,8% terem sido destinados a faixa 1 do programa, para famílias com renda de até R$ 1,8 mil. Isso demonstra o esvaziamento do papel social da Caixa enquanto banco público. O governo Temer transforma assim um programa social em uma linha de crédito comercial”, avalia o diretor do Sindicato.
“Outro dado presente no balanço deixa ainda mais clara essa redução do papel da Caixa enquanto banco público. Em 2014, a carteira de habitação registrava crescimento de 25,7% em relação ao ano anterior. Em 2015, esse crescimento caiu a 13,2% e, em 2016, teve evolução de apenas 5,6% na comparação com o ano anterior”, destaca o dirigente, reforçando ainda que o crescimento da Caixa é também o crescimento do país.
Menos empregados – Mesmo com aumento de 8,4% nas receitas com tarifas e serviços em 12 meses, totalizando R$ 22,5 bilhões, o que cobre em 101,1% as despesas do banco com pessoal, a Caixa cortou 2.480 postos de trabalho no ano passado.“Esta redução não leva em conta o PDVE, anunciado este ano, que deve cortar milhares de empregos. O resultado deste tipo de gestão é o aumento da sobrecarga de trabalho, das filas e o enfraquecimento da instituição”, conclui Dionísio.
Outros dados - A carteira de crédito para pessoas físicas teve queda de 0,8% e a carteira pessoas jurídicas redução de 7,4%. Os ativos próprios da Caixa tiveram elevação de 4,4% em 2016, alcançando R$ 1,3 trilhão. Por sua vez, os ativos administrados pelo banco público somaram R$ 2,1 trilhões – variação positiva de 6,4% -, com destaque para o FGTS, com saldo de R$ 502 bilhões, aumento de 9% em doze meses.