São Paulo – Apoiado no discurso de que o país precisa promover políticas de austeridade para buscar o equilíbrio fiscal das contas públicas, Temer congelou investimentos da União por 20 anos com a PEC 55 (PEC da Morte), inclusive em áreas essenciais como saúde, educação e segurança, e tentou afastar de milhões de brasileiros da aposentadoria pública. Entretanto, a alegada “austeridade” não impediu que o governo gastasse R$ 105,2 milhões em propaganda na tentativa de aprovar a reforma da Previdência, que teve a votação barrada pela mobilização e luta de trabalhadores e trabalhadoras.
> Fortaleça a luta do Sindicato: sindicalize-se!
Os valores, referentes a 2017 e 2018, foram obtidos pelo site Poder360 via Lei de Acesso à Informação.
“Temer, na tentativa de quitar seus débitos com setores que o alçaram à Presidência, incluídos os banqueiros, abriu os cofres públicos e utilizou dinheiro do povo brasileiro na tentativa de convencer a população a apoiar o fim da própria aposentadoria. O tiro saiu pela culatra. Os trabalhadores mostraram que não são bobos e a mobilização de diversas categorias de luta, entre elas os bancários, impediu a votação da medida. É simbólico que, ao mesmo tempo em que congela investimentos públicos essenciais, Temer abra o cofre da União para gastos com publicidade, que chegou inclusive a ser considerada enganosa e teve veiculação suspensa pela Justiça”, critica a secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato, Marta Soares.
Cerca de 60% dos R$ 105,2 milhões foram destinados a canais de televisão, que receberam aproximadamente R$ 65 milhões. A verba total das campanhas foi repassada a quatro agências de publicidade: Propeg Comunicação, Leo Burnett Publicidade, Nova S/B Comunicação; e Artplan Comunicação. A Propeg Comunicação foi a que mais obteve recursos com campanhas do governo federal, com R$ 52,1 milhões.
O governo federal não discriminou para quais veículos destinou o dinheiro dos comerciais da Previdência. Em março do ano passado, Temer encerrou a compilação centralizada de gastos publicitários federais. Por consequência, hoje não é possível saber, de maneira facilitada, quanto cada empresa de comunicação recebeu da verba publicitária.
“Temer é desmascarado dia sim, dia também. Gastou milhões em liberação de emendas parlamentares com o objetivo de angariar os votos necessários para aprovar a reforma e literalmente jogou no lixo mais de cem milhões dos contribuintes com a publicidade da medida. A austeridade de Temer só vale na hora de precarizar serviços e retirar direitos. Com banqueiros, agências de publicidade e veículos da chamada grande mídia, Temer mantém a mão sempre bem aberta”, conclui Marta.