Dois meses após o crime da Vale em Brumadinho (MG), na segunda-feira 25, a situação ainda é calamitosa de acordo com reportagem da Rádio Brasil Atual. O "mar de lama" de rejeitos tóxicos que matou mais de 200 pessoas soterradas, além de provocar o desaparecimento de outras 93 pessoas que seguem sendo procuradas pelo Corpo de Bombeiros, impôs à população de ao menos 19 municípios consequências que prejudicam a saúde e impedem sua permanência nos locais onde moram.
A reportagem foi replicada pela Rede Brasil Atual.
O funcionário público Heleno Rocha Damasceno, que reside no distrito do Parque da Cachoeira, vive a 50 metros da lama da Vale com sua esposa e mais três filhos. Diante dos riscos em continuar vivendo na região, alega ter acordado com a mineradora uma nova residência para a família até que, perto da mudança, a Vale afirmou que "as coisas já estavam voltando ao normal".
"Só na minha rua foram quase 20 casas embora. Tem água na torneira, mas a gente não pode beber, meus filhos não podem pegar uma fruta no quintal por causa de contaminação. Minhas coisas estão embaladas desde antes do carnaval para eu fazer a mudança e, até hoje, nada", afirma o funcionário público à repórter Beatriz Drague Ramos.
A Vale também é acusada pelo promotor Willian Garcia Pinto, coordenador do Núcleo Criminal do Ministério Público em Minas Gerais, responsável por apurar o crime ambiental, de que a consultoria alemã TÜV SÜD tem sido usada pela mineradora para dificultar a fiscalização sobre a segurança de barragens no Brasil.
À reportagem a mineradora afirmou que realiza doações voluntárias e indenizações emergenciais e diz esperar que os auditores tenham responsabilidade técnica, independência e autonomia na prestação de seus serviços.
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