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Caixa não quer discutir descomissionamento

Linha fina
Direção da empresa descumpre acordo coletivo específico ao não apresentar propostas para o movimento sindical durante negociação permanente
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São Paulo – O resultado da negociação permanente entre os representantes dos trabalhadores e da Caixa Federal mostra que a empresa aposta no confronto com os empregados. Na reunião ocorrida na quarta-feira 17, em Brasília, os interlocutores do banco se negaram a debater com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) os critérios para descomissonamento.

Segundo o diretor executivo do Sindicato Kardec de Jesus, a postura dos representantes do banco desrespeita a cláusula 54 do acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), a qual estabelece: “A Caixa assume o compromisso de apresentar, até 31 de março de 2013, estudos sobre descomissionamento de funções gratificadas a partir das contribuições apresentadas pelas entidades representativas.”

“Centenas de empregados em todo o país enviaram sugestões para que fossem estabelecidos critérios claros e democráticos para a perda de função. A empresa não querer sequer debater o tema na mesa de negociação, limitando-se a apresentar o número de bancários descomissionados no último período, é desrespeito aos empregados e ao acordo coletivo”, afirma o dirigente. “Sabemos que houve troca de parte dos interlocutores da Caixa, mas eles têm de cumprir todos os compromissos assumidos com os trabalhadores. Se não houver mudança de postura da Caixa nas negociações, vamos organizar os bancários para a mobilização.”

Atualmente, a retirada de funções é prerrogativa exclusiva do gestor, sem que o bancário tenha chance de argumentar. “Esse mecanismo vira ferramenta de ameaça e assédio moral contra os empregados, que têm receio de ver sua remuneração mensal ser reduzida em até 40% se perderem a comissão. Por isso, os trabalhadores colocaram a existência de regras como prioridade na campanha do ano passado, inclusive indo à greve. E não vamos tolerar que o acordo seja desrespeitado”, acrescenta Kardec.

Condições de trabalho e tesoureiros – Outra pendência do acordo coletivo debatida na mesa permanente foi o plano de melhorias das condições de trabalho e de segurança dos tesoureiros. A empresa apresentou alguns encaminhamentos como a formação de turmas para fazer cursos de qualificação, que deverão ser iniciados até o fim de abril, sendo de 24 horas para tesoureiros e de 12 horas para substitutos; criação do banco de habilitados para formação de tesoureiros – que já conta com 8.057 inscritos. O banco tem construído corredores nas estruturas das agências para que o tesoureiro possa abastecer o autoatendimento com segurança.

Promoção por mérito – A direção da Caixa manteve a posição de intransigência e não aceitou negociar a redução da carga horária de capacitação à distância da Universidade Caixa. Com isso, permanece o estabelecido no acordo coletivo aditivo: 70 horas por ano, com a realização de 6 horas aulas por mês dentro da jornada. A empresa se comprometeu a incluir na cartilha de divulgação da promoção por mérito, a íntegra da cláusula.

Login único – A Caixa informou que até junho o login único deverá ser implantado nas agências. A ferramenta está em implantação nas superintendências regionais, matriz I e II e filiais. O login foi conquistado na campanha do ano passado para garantir o respeito à jornada de trabalho. Os empregados têm de acompanhar esse processo cuidadosamente e, se necessário, denunciar qualquer problema no novo sistema.

Ranking de caixas – Os dirigentes sindicais denunciaram problemas nas condições de trabalho dos caixas. Entre as questões levantadas pelos empregados está o ranking da atividade, no qual, por meio de uma planilha, as superintendências levantam o tempo de atendimento, o número de autenticações feitas, entre outras informações. Os representantes da Caixa disseram que vão averiguar a denúncia.

Conselho de Administração – Os dirigentes protestaram contra a posição da Caixa de não modificar as exigências para os candidatos a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa. As condições mantidas no estatuto inviabilizam a candidatura de 80% dos empregados. O artigo 11 do estatuto estabelece como condições, para o exercício de todos os cargos na diretoria e no conselho, ser graduado em curso superior e ter exercido cargos gerenciais nos últimos cinco anos ou ter ocupado funções relevantes em órgãos ou entidades da administração pública por, no mínimo, dois anos. “Vamos continuar insistindo para que a decisão seja revogada, de modo a colocar fim à discriminação da participação da maior parte dos trabalhadores no processo eleitoral”, ressaltou Jair Pedro Ferreira, coordenador da CEE.


Redação, com informações da Fenae - 19/4/2013

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