Pular para o conteúdo principal

Governo tenta reverter desinformação sobre a Copa

Linha fina
Com apresentação de dados, representantes das administrações federal, estadual e municipal apontam que evento será bom para toda a sociedade e para o país
Imagem Destaque

São Paulo – Falta pouco mais de um mês para o pontapé inicial da Copa do Mundo. E à medida que o evento se aproxima, os debates em torno das opiniões contrárias e a favor da sua realização no Brasil tornam-se mais intensos.

Para tentar esclarecer pontos polêmicos que envolvem a organização do torneio, o governo federal realizou na quinta-feira 24 um seminário com a participação de integrantes do governo estadual e municipal e teve como convidados jornalistas, integrantes de movimentos sociais, chefes de torcidas organizadas, dirigentes sindicais, além de diversos opositores à realização do evento no Brasil.

Para o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ainda é possível reverter o mau humor contra a Copa do Mundo. “A autoestima do brasileiro está rebaixada por um excesso de negativismo, de achar que não vai ter estádio pronto, que não ia ter aeroporto pronto, e na medida em que as obras vão se concretizando, vai se evidenciando que isso não é verdade, e eu tenho certeza que no dia 2 de junho vamos ter um clima diferente no país, onde vai haver naturalmente manifestação, descontentamento, mas que será de uma minoria, porque a maioria do povo brasileiro vai estar muito interessado e celebrando a Copa.”

Cerca de 20 ativistas contrários a Copa manifestaram-se erguendo cartazes, bandeiras, e aos berros interromperam diversas vezes os participantes do seminário. Mas quando foi aberto espaço para debate, retiraram-se da sala.

Custos – De acordo dados apresentados por Wagner Caetano Alves de Oliveira, secretário Nacional de Relações Político-Sociais, vinculada à Secretária-Geral da Presidência da República, as 12 novas arenas custaram R$ 8 bilhões. O governo federal, no entanto, foi responsável por financiar apenas metade desse valor. “E esse dinheiro foi emprestado por meio do BNDES, vai voltar com juros para os cofres do banco”, ressaltou.

Segundo levantamento da Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à USP, a Copa das Confederações acrescentou R$ 9,7 bilhões ao Produto Interno Bruto. E a expectativa é de que a Copa do Mundo movimente três vezes esse valor. “Isso é mais do que todos os gastos com estádios, aeroportos, telecomunicações, mobilidade urbana relacionados à Copa”, afirmou Wagner.

Saúde e Educação – O argumento de que os gastos com o evento afetaram os investimentos do governo federal em Saúde e Educação também foi rebatido com dados.

Em 2013, o governo federal investiu R$ 101,9 bilhões em Educação. Na área da Saúde, também no ano passado, os gastos chegaram a R$ 83 bilhões. Desde 2010, quando se intensificaram as ações e obras para sediar a Copa, o governo brasileiro investiu 825,3 bilhões em Educação e Saúde, o que equivale a 100 vezes o valor gasto com os estádios. As informações estão no Portal da Transparência do governo federal.

Economia – Dados do Ministério do Esporte apontam que a Copa do Mundo será muito benéfica à economia nacional. Cerca de 50 mil postos de trabalho foram criados na construção ou reforma dos 12 estádios em que ocorrerão dos jogos do evento.

Aproximadamente 48 mil vagas de trabalho no setor de turismo devem ser geradas entre abril e junho de 2014 nos 12 estados que receberão a competição. São 60% mais que no mesmo período de 2013.

E de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, cerca de R$ 100 milhões em novos negócios para as micro e pequenas empresas e R$ 142 bilhões adicionais circularão na economia brasileira no período de 2010 a 2014.

Elefantes brancos – A inclusão de cidades sem muita tradição no futebol, como Cuiabá, Manaus, Natal e Brasília, é uma das principais critícas dos que não se entusiasmam com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo.

Em menos de um ano, no entanto, o novo Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, recebeu 655 mil pessoas, quase o dobro do público que havia recebido nos seus primeiros 36 anos de história, antes de ser reconstruído (340 mil). A cidade de Manaus, até o ano passado não era integrada pela rede de fibra ótica nacional, o que ocorreu por causa da realização do evento na cidade.

Estádios caros – Outro argumento utilizado pelos que são contrários à Copa é que os estádios brasileiros são os mais caros do mundo. A arena mais custosa foi a de Brasília, no valor de R$ 1 bilhão e 700 milhões.

Segundo o consultor da ONU (Organização das Nações Unidas) na Copa e coordenador de projetos da Fundação Getulio Vargas, Pedro Trengrouse, o estádio de Wembley custou o equivalente a R$ 6 bilhões há 10 anos.

“Então vamos desmistificar essa história de que os estádios brasileiros são os mais caros do mundo. O custo médio por assento, por exemplo, ficou em US$ 5.500, similar ao assento dos estádios da África do Sul, da Coreia e do Japão”, pontuou.

O professor ressaltou, ainda, que a indústria do futebol brasileiro tem potencial para movimentar mais de R$ 6 bilhões por ano e empregar até 2,1 milhões de pessoas no país. Assim, os novos estádios, mais modernos e seguros, devem ser essenciais para impulsionar o setor. No campeonato brasileiro de 2013, as novas arenas atraíram público médio 88% maior do que o dos estádios antigos em operação na mesma competição, de acordo com a FGV.




Rodolfo Wrolli – 25/4/2014

seja socio