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Bancários do Santander definem pauta nacional

Linha fina
Representantes dos trabalhadores do banco espanhol no Brasil debateram nos dias 4 e 5, terça e quarta-feira, principais demandas dos funcionários e definiram pauta específica
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São Paulo – A pauta de reivindicações específicas para ser debatida entre movimento sindical e representantes do Santander já está definida. Foram dois dias intensos de debates no Encontro Nacional de Dirigentes Sindicais do Santander. No final da tarde de quarta 5, os bancários aprovaram a pauta específica de reivindicações a ser entregue para a direção do banco espanhol.

O congresso foi realizado em São Paulo e reuniu cerca de 140 dirigentes de todos os estados com o objetivo principal de refletir sobre os desafios a serem superados em negociações sobre reestruturação das agências, previdência complementar, saúde suplementar, demissões, assédio moral, práticas antissindicais e diversos outros problemas específicos que cada região trouxe de seus respectivos encontros estaduais.

“O encontro foi positivo, as pessoas saíram fortalecidas para continuar a luta em relação aos problemas enfrentados pelo movimento sindical por melhorias para a categoria bancária. Esse encontro reforçou a importância da unidade e mobilização para ampliar as conquistas dos funcionários do Santander”, avalia a dirigente sindical Maria Rosani, que é coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE). “Para isso, é essencial que o banco abra o canal de negociação”, completa.

Ao debater emprego, funcionários se manifestaram contra as demissões, a política de rotatividade, o fechamento de postos de trabalho, a terceirização, os correspondentes bancários e a discriminação nas contratações. Rita Berlofa, secretária de finanças do sindicato e vice-presidenta da Afubesp, vê o Santander agindo "na contramão" dos demais bancos do sistema financeiro nacional. "O banco opta pelo caminho mais fácil, que é demitir. Nós entendemos que para o banco ser competitivo acima de tudo, precisa ter estratégia no relacionamento com o cliente", pontuou. A diretora executiva lembrou, ainda, das várias reclamações que o Santander coleciona junto ao Banco Central decorrentes desta política de não prezar pelo atendimento de qualidade.

“Queremos desafiar o banco, que é o 10º no ranking mundial, a mudar esta visão ortodoxa, aumentar o quadro de funcionários nas agências para atender bem os clientes. Que venha a ser este o diferencial do Santander”, completou Rita.

Segundo Maria Rosani (foto à direita, ao centro), a aposta no atendimento online faz parte da pressão feita pelos bancos em geral para tirar o cliente das agências e deixar a cargo dos correspondentes bancários. "A busca dos bancos é elevar o índice de eficiência, que é tentar captar mais lucro gastando menos. Se o spread é baixo, eles conseguem isso aumentando tarifas e reduzindo quadro de trabalhadores", explicou a dirigente.

O grande desafio do encontro nacional colocado aos dirigentes sindicais presentes no evento, segundo Rita, é saber qual será a linha de atuação no próximo período em meio às demandas e reivindicações colocadas.

E a saúde? - A falta de preocupação da direção do banco em relação à saúde e condições de trabalho também está entre os problemas mais graves e frequentes enfrentados por trabalhadores do Santander em agências e departamentos de todo o país. As queixas são sobre pressão para o cumprimento de metas, assédio moral, estresse e o adoecimento como graves problemas, piorados pela carência de pessoal e sobrecarga de trabalho na rede de agências do banco. O objetivo do movimento sindical é negociar com o banco mudança na gestão e conquistar jornada de seis horas de fato para todos.

Remuneração e previdência - A remuneração também esteve entre os principais eixos de discussão do encontro. Dirigentes chamaram a atenção para as diferenças salariais na mesma função, a ausência de um plano de cargos e salários (PCS) e a falta de transparência nos programas próprios de remuneração variável.

E a batalha para avançar em um processo democrático e transparente nas eleições do SantanderPrevi foi outro assunto debatido. Na pauta, assuntos como a redução das contribuições do Santander na migração dos participantes do ex-Holandaprevi até 31 de maio de 2009, o não aporte do serviço passado pelo banco no plano II do Banesprev e a ausência de contribuições da patrocinadora em planos do Sanprev foram assuntos. “O que queremos é uma única entidade de previdência complementar para todos, o Banesprev, por conta do seu modelo de gestão. Mas são essenciais mudanças no processo eleitoral”, destaca o presidente da Afubesp Camilo Fernandes.

Sobre saúde suplementar, foi destacada a necessidade de manutenção do plano de saúde na aposentadoria com as mesmas condições de cobertura que o bancário gozava quando da vigência do contrato de trabalho, mediante pagamento de mensalidade correspondente ao que o trabalhador pagava na ativa. A reivindicação do movimento é pela transparência com a disponibilização dos contratos e coberturas dos planos de saúde para os trabalhadores e o envio de extrato mensal detalhando as despesas realizadas para cada bancário.

Outras propostas - Uma série de outras propostas foi aprovada no encontro, como a de cobrar do banco a retirada imediata das ações judiciais movidas contra entidades sindicais e a Afubesp após protestos contra demissões, falta de funcionários e desrespeito com os aposentados.

Também foi definida a orientação aos sindicatos para não homologar rescisões feitas por prepostos terceirizados pelo Santander. Segundo Maria Rosani, trata-se de uma função administrativa e uma atividade-fim da empresa e, por isso, deve ser realizada por um funcionário designado pelo banco, como vinha sendo efetuado anteriormente. Várias entidades já suspenderam as homologações por terceirizados.


Redação, com informações da Contraf-CUT e Afubesp – 6/6/2013

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