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“É momento de reestruturar o futebol brasileiro”

Linha fina
Em entrevista a jornalistas, representante do governo brasileiro no comitê local da Copa defende legado gerado pelo mundial e enxerga janela de oportunidade para reorganizar o futebol nacional
Imagem Destaque
São Paulo – Para esclarecer versões marteladas à exaustão por opositores à realização da Copa do Mundo no Brasil – principalmente que a preparação do evento drenou recursos da Saúde e da Educação –, o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes, foi o entrevistado do programa Contraponto, realizado pelo Sindicato em parceria com o Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé.

Participaram do programa, exibido ao vivo pelo site na segunda-feira 2, os jornalistas Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania); Altamiro Borges (Barão de Itararé); Paulo Donizetti (Rede Brasil Atual) e Paulo Salvados, coordenador da Rede Brasil Atual, que mediou o debate.

Fernandes, que também é coordenador do grupo executivo da Copa e representante do governo brasileiro no comitê local da Copa, informou que especificamente para o Mundial foram gastos R$ 8 bilhões com a construção e reforma dos estádios, e mais R$ 600 milhões com equipamentos complementares para a realização do evento com o padrão exigido pela Fifa.
“Das 12 arenas, 11 receberam investimentos do BNDES. Como nove são públicas, houve aportes dos governos estaduais: um diretamente [Mané Garrincha, em Brasília] e os outros por meio de parcerias público-privadas. Do dinheiro público do governo federal, o total investido foi R$ 3,8 bilhões. É financiamento do BNDES e não entra em contradição com investimento em Saúde e Educação”, esclarece Fernandes.

O entrevistado citou estudo da Fipe que concluiu que a realização da Copa das Confederações, no ano passado, foi responsável pelo incremento de R$ 9,7 bilhões ao PIB brasileiro, valor superior ao gasto com a construção e reforma das arenas.

Custos x investimentos – Fernandes ressaltou a importância de diferenciar custos da Copa do Mundo com investimentos em infraestrutura propiciados pelo evento.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, graças ao Mundial foram investidos, ainda, cerca de R$ 26 bilhões em obras de infraestrutura como aeroportos, portos, rodovias, corredores de ônibus, segurança e telecomunicações – a chamada matriz de responsabilidade da Copa.

“Os demais investimentos não constam de qualquer especificação. Foram decisões do Estado brasileiro em infraestrutura. É um país em desenvolvimento que precisa investir em infraestrutura. (...) Nenhum estrangeiro ou atleta vai levar qualquer equipamento desses quando o Mundial acabar.”

Futebol nacional – Durante o Contraponto, também foi abordado o possível legado que a Copa trará para o futebol brasileiro. Fernandes defendeu que haverá ganhos a partir da estrutura que foi construída por causa do Mundial, mas ressaltou a dificuldade financeira em que se encontram todos os grandes clubes.

Ele lembrou a lei aprovada no Senado no ano passado que, dentre outras medidas, proíbe a reeleição consecutiva de dirigentes e o nepotismo nos clubes. “É o momento de reestruturarmos de fato o futebol brasileiro. Há uma iniciativa que conta com o apoio do Ministério dos Esportes de equacionamento das dívidas, tendo como contraponto a exigência da profissionalização dos clubes, a valorização do trabalho de formação de atletas, que diminua sua dependência de grupos empresariais e que institua punição esportiva, perda de pontos e queda de divisão no caso de atraso de salários”, explicou.

Turismo – Fernandes frisou a importância do evento para o turismo nacional. Segundo ele, virão ao Brasil 540 mil estrangeiros portadores de ingressos. “E muitos virão sem ingresso. Dos estrangeiros que vêm para cá, 62% virão pela primeira vez. Meio milhão de turistas virão para o Brasil motivados pela Copa do Mundo. Já é um legado”, defendeu.

Protestos – Os protestos também foram abordados. “A Copa projeta a imagem do Brasil para o mundo; metade das pessoas do planeta assistirá aos jogos. É uma oportunidade para qualquer movimento repercutir suas pautas”, ponderou Fernandes, acrescentando que menos de 10 famílias tiveram de ser removidas por causa da construção dos estádios.

> Assista à integra do Contraponto aqui


Rodolfo Wrolli – 3/6/2014
 
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