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Clientes se queixam por serem barrados no Bradesco

Linha fina
Na entrada das agências banco orienta que usuários paguem contas em lotéricas e correspondentes; protestos do Sindicato denunciam prática irregular
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São Paulo – O Bradesco, assim como outras instituições financeiras, adotou a prática de realizar uma triagem dos usuários no momento em que vão entrar nas agências. Bancários vestindo um colete com a inscrição “Posso Ajudar?” são obrigados a orientar os clientes “desinteressantes” a utilizar caixas eletrônicos ou pagar suas contas em lotéricas, grandes lojas de varejo e correspondentes bancários. O procedimento irregular é alvo de críticas de usuários e dos próprios correntistas do banco.

Vídeo: RomaBank, o banco da exclusão social

“Você vai à agência para facilitar a vida e os funcionários te mandam para outro lugar. Mesmo no caixa eletrônico, você tem dificuldade de fazer o serviço que precisa”, afirma o usuário Caio Jefferson, que trabalha como assistente administrativo e convive com essa situação na sua rotina.

Já o economista Marcelo de Souza queixa-se que o autoatendimento não oferece a mesma segurança que os caixas no interior das agências. “Os serviços só pioram. Agora não pego fila lá dentro, mas pego fila fora. É ruim também na questão da segurança. Você está com dinheiro e lá dentro pelo menos existe uma divisória. Hoje, mesmo depósitos de valores altos, precisam ser feitos do lado de fora.”

Para Elizete Semogine (foto), cliente do Bradesco há mais de 15 anos, o banco precisa aumentar o número de caixas. “O Bradesco diminuiu os caixas lá dentro [das agências]. Só querem saber de vender os produtos deles. Tinha que aumentar o número de funcionários para o atendimento e não deixar os clientes à mercê de assaltos nos caixas eletrônicos”, cobra a correntista do banco.

Protesto – Para denunciar essa situação, que prejudica não só os usuários do Bradesco, mas também os bancários – que são obrigados a barrar os clientes e lidar com a justa indignação deles – o Sindicato está promovendo uma série de atos lúdicos. Na quarta-feira 17 foi a vez da agência da Rua 15 de Novembro, no centro de São Paulo. Com uma encenação teatral bem-humorada, dirigentes alertaram a população sobre seus direitos e pediram solidariedade com os bancários que recebem ordens para a “triagem”.

> Vídeo: matéria especial sobre a manifestação
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De acordo com a dirigente sindical Anatiana Alves, a prática de impedir que usuários entrem nas agências é irregular “O Bradesco está selecionando os clientes de acordo com o perfil de renda, um critério de exclusão social que empurra usuários para lotéricas e correspondentes bancários. Além disso, evita convênios para pagamento de contas de consumo como luz, água e gás. Ao fazer isso, o banco ignora seu papel de concessão pública e descumpre obrigações legais”.

Quer ser barrado? Vá a um Bradesco

“Estamos aqui protestando e orientando os usuários para que denunciem esse tipo de situação aos órgãos de defesa do consumidor como o Procon, pelo 151; o Idec, no 3874-2150; ou pelo número 145, do Banco Central. Com isso, o Sindicato poderá pressionar o Bradesco e outros bancos a mudar tal postura”, explica Anatiana.

Líder de reclamações – No mês de maio, pela segunda vez consecutiva, o Bradesco ocupa o “topo” do ranking de reclamações de usuários ao Banco Central. E fez por merecer. Além de barrar clientes na porta das agências, a instituição financeira eliminou 4,5 mil postos de trabalho, mesmo aumentando seus lucros em 23% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Cada bancário hoje administra 280 contas, enquanto no primeiro nos três primeiros meses de 2014 eram 267.

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Felipe Rousselet 17/6/2015 
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