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Ato cobra do BB respeito à luta pela democracia

Linha fina
Manifestação critica apostila criada pela direção do banco que criminaliza movimentos de esquerda
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São Paulo - “Manual de segurança do Banco do Brasil é espelho da ditadura”, denuncia um dos cartazes pregados pelos diretores do Sindicato em ato realizado no Complexo São João do BB, centro da capital. A manifestação, nesta sexta-feira 6, foi um repúdio ao trecho da apostila do curso de formação de segurança do banco, que distorce e criminaliza a luta realizada pelos movimentos de esquerda no combate à ditadura militar.

> Leia o trecho citado no item 1.1.2 da apostila
> Fotos: galeria com imagens do protesto
> Vídeo: matéria especial sobre o ato

“Não podemos aceitar que uma instituição pública desrespeite a história daqueles que lutaram para acabar com a ditadura, que tanto prejudicava a população e o país. Na verdade, eles precisam ser aplaudidos, senão até hoje viveríamos com medo, sem poder falar, reivindicar e fazer luta”, defendeu Juvândia Moreira, presidenta do Sindicato, na manifestação.

A dirigente ressaltou que é inadmissível trabalhadores e militantes que lutaram pelo direito de se expressar terem sido perseguidos. “Não podem ser criminalizados por isso”, destaca.

Segundo apuração do Sindicato, o trecho distorcido foi copiado de um texto do oficial de artilharia do Exército, Marco Antonio do Santos, formado na Academia das Agulhas Negras do Rio de Janeiro. O militar é relacionado como uma das fontes consultadas para a elaboração da apostila. Além de ter sido oficial da ditadura na área de inteligência, especializou-se em serviço de espionagem. Em 2004, por exemplo, ministrou aula de contra espionagem empresarial para funcionários da Rede Globo, Petrobrás e Embraer.

> Dirigentes vítimas da ditadura comparecem ao ato

“A direção do banco, ao permitir que uma apostila para formação de funcionários contenha essas informações, demonstra a concepção autoritária do tipo de gestão que quer implantar”, contestou Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato, durante o ato.

Repúdio – O Sindicato enviou uma carta à presidenta da República, Dilma Rousseff, e ao secretário-geral da República, Gilberto Carvalho, com cópia para a direção do banco, pedindo a retirada dos termos publicados.

> Leia a íntegra da carta enviada à presidenta

Ernesto Izumi, diretor executivo do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil, explicou que o banco entrou em contato com o Sindicato e informou a retirada do texto. Porém, ele alerta para o fato de que muitos funcionários que já realizaram o curso tiveram a formação distorcida. “Mesmo que a direção do banco já tenha tirado a apostila do ar, mantivemos o protesto para garantir o direito à democracia e denunciar que práticas como essa não podem acontecer.”

“Não basta retirar, é preciso refazer o debate com os trabalhadores. Essa não pode ser uma orientação do banco e a direção precisa se manifestar de forma diferente”, completou Raquel.

Resposta falha - Em resposta à reportagem da Rede Brasil Atual, o BB afirmou na quinta 5 que o texto em questão foi publicado por um funcionário em um ambiente colaborativo. “(O texto) contraria acintosamente os valores defendidos pela empresa”, disse o banco por nota. "Após sua identificação, foi imediatamente excluído”.

A nota do banco, para o Sindicato, contudo, não é verdadeira, porque o trecho foi publicado em uma apostila de segurança em um local na intranet do banco no qual funcionários não podem inserir ou excluir conteúdos.


Tatiana Melim – 6/7/2012

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